Porto da Pedra e Império Serrano se destacam na primeira noite de desfile da Série A

Em Cima da Hora emociona e Rocinha decepciona

O Império é uma das favoritas da Série A

O comentarista da Cadência da Bateria, Professor Mariano, acompanhou nesta sexta-feira a primeira noite de desfiles da Série A, na Marquês de Sapucaí. Entre os destaques apontados pelo comentarista estão a Porto da Pedra e o Império Serrano. Entre as duas escolas que reeditaram sambas, a Em Cima da Hora com seu antológico "Os Sertões" emocionou a avenida. Já o Tuiuti não explorou bem a "Kizomba" da Vila. A Rocinha foi a grande decepção da noite e dificilmente ficará no grupo em 2015.

Confira a análise completa do Professor Mariano, para cada escola

Em Cima da Hora – Sem dúvida nenhuma, o desfile da nossa querida Em Cima da Hora foi o momento mais emocionante desta primeira noite dos desfiles do grupo de Acesso A das escolas de samba do Rio de Janeiro. Devo confessar que não sou

Em Cima da Hora emocionou com Os Sertões

apreciador das escolas que reeditam enredos, principalmente quando estes não são das próprias agremiações. Mas no caso da Em Cima da Hora foi diferente, foi uma espécie de divida que a história tava pagando ao sambista. Pois Os Sertões enredo singular feito baseado na obra de Euclides da Cunha, quando desfilou pela primeira vez em 1976, foi atingida por aquelas peças que o destino reserva que foge a vontade da razão. Uma chuva forte destruiu a exibição da escola fazendo com que ela ficasse nas últimas colocações. E o pior não conseguiu mostrar o belíssimo enredo proposto.

       Mas quis o destino que 38 anos depois, a Em Cima da Hora tivesse a chance de reconstituir esta história passando na avenida novamente com este enredo e assim nos abrilhantando com um belo desfile.

       A nova leitura do enredo proposto pelo carnavalesco Marco Antônio foi muito bem desenvolvida na Marques de Sapucaí. Com exceção do ultimo carro “Apoteose Sertanejo” que pecou na estética, destoando do restante do desfile. Plasticamente a Em Cima da Hora fez um desfile digno para mante- Lá no grupo de acesso A.

       O samba como de esperado emocionou a todos na fria e ainda vazia Sapucaí, pois o público estava apenas chegando. A bateria encontrou o tom ideal para o samba o que fez ele reder muito bem durante todo o desfile.

       Vamos esperar que os jurados também tenham se emocionado com a Em Cima da Hora e reserve para ela, um lugar honroso entre as escolas do grupo. Corrigindo totalmente assim, uma injustiça histórica cometida contra este patrimônio da cultura brasileira chamada Em Cima da Hora.      

Desfile irregular ameaça a União de Jacarepaguá

União de Jacarepaguá- Desfilando com enredo sobre o povo Yorubá, a União de Jacarepaguá fez um desfile muito irregular, o que põem em risco a sua manutenção no grupo. Com problemas na feitura dos carros e fantasia e com um samba que embora de razoável qualidade não funcionou na avenida. Destaque para o carro abre alas que trazia a força da cultura negra.

Acadêmicos da Rocinha- Em minha opinião foi o pior desfile da primeira noite do acesso A. Com um enredo de leitura equivocada, pois falava de uma Barra da tijuca de 20 anos atrás, não percebendo que hoje este bairro não tem mais o significado simbólico no imaginário das pessoas, com em outrora. A escola que diga de passagem, não ganhou quase nada dos comerciantes da Barra para fazer o desfile, como era esperado pela escola. Fez um desfile muito deficitário, fazendo-nos pensar que disputará as ultimas colocações no grupo. 

Trunfo da Renascer, samba não funcionou 

Renascer de Jacarepaguá- quando entrou na avenida o samba da Renascer era visto como um dos mais bonitos do grupo. Mas no desfile ele infelizmente não funcionou. A escola não conseguiu encontrar o tom ideal para o samba. Destaco a maravilhosa comissão de frente da escola. Que trazia as baianas vista de cima. Um primor de originalidade.

      O enredo que fala do Cartunista Lan teve um bom desenvolvimento plástico, porém pecou por não trazer algumas características da arte do homenageado. Como por exemplo, a sensualidade da mulata tão retratada pelo artista. 

Porto da Pedra- Com um tema bem carnavalesco e original, pois falava dos casais de mestres sala e

porta bandeiras. O tigre de São Gonçalo fez um dos melhores desfile da noite. A pesar do excesso de

Porto da Pedra se credencia a um lugar no Especial em 2015

preto, que deu um tom muito funesto, para um enredo que falava de carnaval. A porto da pedra emocionou o público com uma singela e singular homenagem a esses artistas que ajudaram a construir a história do carnaval. Destaco o monumental abre- alas da escola que representava o esplendor da realeza portuguesa.

Paraíso do Tuiuti – Reeditando Kizomba – A Festa da Raça, enredo que a Vila Isabel consagrou na avenida em 1988. A agremiação de São Cristovão não conseguiu emocionar. Talvez pelo fato deste enredo ter a cara da Vila Isabel. Isto tirou da Tuiuti a capacidade de reinventar o tema. Destaco a iluminação das alegorias da escola, que deram a elas um brilho fausto e singular na avenida.

Inocentes fez um desfile técnico mas sem emoção

Inocentes da Baixada – sendo favorecida pela estrutura deixada pela sua recente passagem pelo gruo especial, a Inocentes fez um desfile tecnicamente bom. Desfilou para o jurado. Talvez isto tenha tira um pouco o brilho e empolgação do desfile. Com um samba que reputo ser um dos melhores do grupo, mas que não empolgou. A inocente conseguiu dar uma leitura bastante consistente ao original enredo sobre Joaquina Lapinha. Desconhecida da maioria dos brasileiros, esta artista negra do século 19 foi lembrada com sua história no desfile da Inocentes. Destaco a beleza e originalidade da comissão de frente que representava de forma lúdica os animais selvagens da região africana.

Império Serrano- Fechando a primeira noite dos desfiles do acesso, veio à tradicional Império Serrano. Com um enredo limitado que fala de Angra dos Reis a escola conseguiu transformar este limão, numa gostosa limonada. A escola desfilou de Império Serrano. Embora tenha tido alguns problemas de evolução logo no inicio do desfile, decorrente de um início de pane em um dos seus carros alegóricos. A Império Serrano balançou na avenida. Destaco o bom acabamento dos carros e a leveza do samba enredo, que conseguiu sustentar bem o desfile da escola.