Por onde anda você, escola de sambistas imortais, que desfilou alegria, simpatia e irreverência na Sapucaí? Escola que saía de Pilares para nos brindar com sambas antológicos? O colunista da Cadência, André Gustavo, lembra a trajetória da grande Caprichosos e torce para que a tradicional agremiação não vire saudade.
CAPRICHOSA SAUDADE
por André GustavoOuvindo, no domingo pela manhã, o samba da Caprichosos de Pilares de 2018 senti uma grande nostalgia dos desfiles dessa escola nos anos 80. O hino desse ano, feito para o enredo em homenagem a Oxum, não chega a ser um grande samba, como outros que nos encantaram em idos carnavais. Mas acabou tornando-se emblemático, por conta de não ter embalado um desfile que, na verdade, não aconteceu, deixando um imenso um vazio na avenida da Estrada Intendente Magalhães e um abismo em nossos corações.
Embora não seja nosso desejo que a escola se torne GRES Saudade, falar da Caprichosos sempre nos trará grandes e boas lembranças. Como os eternos, Carlinhos de Pilares, Jackson Martins, Luizito, Ratinho, Balinha, Almir Araújo, o casal Patrícia e Tiãozinho, mestre Luiz Fernando Reis, o ascendente Leandro Vieira, e até, porque não, Luma de Oliveira, que por um inesquecível ano, esteve envenenada à frente da "Venenosa", tornando-se estrela máxima daquele carnaval. Mas a escola é também sinônimo de alegria, de simpatia, de crítica, de grandes sambas, de carnavais inesquecíveis e de orgulho suburbano.
Diante do grande mistério do desaparecimento dessa querida agremiação, que pelo segundo ano consecutivo vai nos privar de sua iluminada presença no carnaval, e do descaso das (des)ligas que comandam (?) os desfiles no Rio, bem como o silêncio da imprensa, dita especializada, cabem algumas perguntas que, se respondidas, talvez nos permita esclarecer, mesmo que parcialmente, tal enigma. Quais serão os reais motivos que levaram a decadência dessa gigante de nosso carnaval? Terá a escola enrolado bandeira definitivamente? Qual o peso que tem nessa situação o senhor Paulo de Almeida, ex presidente da escola, bem como da Liesa, da qual ambos são membros fundadores? E a família Leandro, seus históricos adversários políticos, que assumiram a escola no CTI e acabou entrando em rota de colisão com a Liesb e os poderosos dirigentes do carnaval da Intendente Gustavo Barros e Sandro Avellar? E o controverso Edson Tessier, ex presidente da Unidos da Ponte, mas que tem força política também na agremiação de Pilares e sempre procurou ampliar sua influencia nos rumos da escola?
Em meio a todos esses problemas de bastidores criados por dirigentes não sambistas, e extremamente vaidosos, fica a nossa torcida para que os sambistas da escola e a apaixonada torcida da comunidade de Pilares consigam resgatar e reerguer essa agremiação tão querida a quem é bamba e curte carnaval. Que prevaleçam os interesses daqueles que possuem verdadeiro e puro amor pela escola e pelo samba. E que o luto e as nuvens escurecidas que pairam sobre o bairro sejam substituídos por muita luta pelo retorno imediato da tradicional azul e branco suburbana e por um belíssimo céu azul e branco, que traga de volta a alegria da batucada à Pilares, para que não nos acostumemos a falar da Caprichosos no passado, introduzindo com a epígrafe " E POR FALAR EM SAUDADE..."
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