por Sérgio Soares
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Como já havíamos antecipado na última análise, o segundo dia
de desfiles na Série A, disputado entre a noite de ontem e a madrugada de hoje, mostrou
qualidade bem superior ao de sexta-feira. E também consagrou escolas que
tiveram a melhor preparação nos barracões e conseguiram
captar mais recursos para os desfiles. Como falamos na
primeira análise, a Estácio de Sá e a surpreendente Unidos de Padre Miguel desfilaram
praticamente sem erros, demonstrando grande comunicação com o público. E por
isso, pulam na frente em busca da única vaga para o
acesso à chamada elite.
O tradicional leão da Estácio de Sá esse ano veio com 64 micos na juba.
Vermelha e branca é forte candidata ao título
A briga promete ser ponto a ponto. Império
Serrano, Caprichosos de Pilares e paraíso do Tuiuti, as melhores do primeiro
dia, vem no segundo escalão, junto com Cubango e Renascer de Jacarepaguá e
Inocentes de Belford Roxo. Pelos desfiles decepcionantes que mostraram, Em Cima
da Hora e Unidos de Bangu, certamente darão adeus à Série A em 2016 e
precisarão se reestruturar para pensar em voltar a crescer a partir do ano que
vem.
A seguir, o jornalista Sérgio Soares análise cada escola que
se apresentou no segundo dia de desfiles na Marquês de Sapucaí.
Alegria da Zona Sul - Sentiu a responsabilidade de abrir os
desfiles, mesmo com um enredo leve, exaltando a figura do carioca, num contexto
do aniversário de 450 anos do Rio, a escola teve dificuldades nos chamadas
quesitos "de pista",como harmonia, evolução e conjunto. Deve ficar em
posições intermediárias quando forem abertos os envelopes.
Acadêmicos de Santa Cruz - Escola que já foi da chamada
elite, tenta se firmar em busca de dias melhores. E levou para o desfile um dos
mais belos enredos da noite, sobre a vida e a carreira de Grande Otelo. Foram
escolhidas cores fortes nas fantasias, carros e muito luxo na apresentação.
Mesmo com garra e tendo o veterano Davi do Pandeiro no microfone principal, a
escola não conseguiu grande empatia com o público e mostrou problemas em
fantasias, alegorias e conjunto.
Inocentes de Belford Roxo - Outra justa homenagem no segundo
dia de desfiles. A Inocentes, que esteve uma única vez no Grupo Especial, homenageou
o compositor e artista plástico Nelson Sargento. Houve grande criatividade na
exposição do tema. A segunda alegoria, por exemplo revelava a
"batalha" do samba contra a ditadura. O homenageado veio na última
alegoria. Desfile correto tecnicamente, mas sem a chamada "explosão"
de quem quer conquistar o campeonato.
Unidos de Padre Miguel - A segunda metade do desfile começou
a "esquentar" com a passagem de agremiações que através de
investimento e organização, se credenciaram para disputar a o título. E A
Unidos de Padre Miguel mostrou porque vem ganhando, a passos largos, espaços entre
as grandes. Houve criatividade, inteligência, luxo e sobretudo, canto forte na
apresentação do enredo "O cavaleiro armorial mandacariza o Carnaval".
Fazer da arte o que se tem nas mãos, um dos lemas de Ariano Suassuna, foi o que
a vermelha e branca levou para a avenida. As
dificuldades com a seca, a alegria do nordestino, e circo foram temas
que se misturaram ao longo do desfile e arrancaram do público os primeiros
gritos de campeã.
Império da Tijuca - Os imperianos foram para a avenida
dispostos a mostrar que houve injustiça no retorno à Série A. A escola manteve
a chamada espinha dorsal na apresentação do enredo sobre oxum, padroeira da
escola. Com o intérprete Pixulé em noite inspiradíssima, a
agremiação mostrou as habituais qualidades - cores fortes,
carros imponentes e a grande 'pegada" no canto. Apesar dos pequenos erros
de organização, pode surpreender como uma espécie de 'azarão".
Renascer de Jacarepaguá - O outra que apostou em um grande
nome do samba - Candeia - como enredo. A Portela, escola onde o compositor foi
três vezes campeão do concurso de sambas-enredo, e a escola Quilombo, fundada
pelo artista foram lembradas. Um dos pontos altos foi o belo samba dos
'craques' Moacyr Luz, Teresa Cristina e Claudio Russo. Desfilou com vontade,
mas será difícil chegar na frente da Unidos de padre Miguel e Estácio.
Acadêmicos do Cubango - Desfilando no Rio desde 1986, a
Cubango apostou mais uma vez em um enredo afro para apresentar seu desfile. E o
desenvolvimento da raça negra em Niterói, que desaguou também na fundação da
escola, foram mostrados. A verde e branca se mostrou impecável nos detalhes de
fantasias e alegorias, tornando realidade porque foi considerada como uma das
favoritas. O desfile marcou também a volta de Preto Jóia à Sapucaí. A falta de
comunicação com o público talvez tenha tirado o "brilho" de campeã da
escola, que no entanto, briga pelas primeiras colocações e pode surpreender.
Estácio de Sá - Desde o ano passado, a escola persegue o
título que lhe credencie o retorno ao Grupo Especial. E apostando em um enredo genuinamente
carioca - sobre os 450 ambos do Rio - a agremiação parece ter tirado da 'manga'
a 'carta' que possibilite a realização do sonho. A vermelha e branca pensou nos
mínimos detalhes o desfile, com alegorias e fantasias de altíssimo nível. O
carro de som, que já tinha o veterano Dominguinhos, foi reforçado por Leandro
Sapucaí. Briga mais uma vez pelo título.
NA CADÊNCIA NA SAPUCAÍ
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