A Unidos de Vila Isabel divulgou a sinopse do enredo para o Carnaval 2019. A apresentação aconteceu na noite de quarta-feira, 20 de junho, na quadra da escola. Além da diretoria da agremiação, os compositores compareceram em peso para acompanhar a explanação do enredo, feita pelo carnavalesco Edson Pereira.
(foto divulgação)
Confira a sinopse:
Autores: Edson Pereira, Clark Mangabeira e
Victor Marques
EM NOME DO PAI, DO FILHO E DOS SANTOS
A VILA CANTA A CIDADE DE PEDRO
SINOPSE
Quem pensa que é feliz em outra terra
é porque
ainda não viveu aqui.
é porque
ainda não viveu aqui.
(Hino de Petrópolis)
Que
rufem os bumbos! No repicar dos tamborins, pede passagem a Branco e Azul cuja
força provém do samba, eterna nossa tradição! É a comunidade que vem resgatar o
império da Coroa do nosso pavilhão, herança da Isabel princesa, marca da nossa
história gloriosa de emoção! Bate forte a bateria para marcar o tempo, o tempo
novo da majestade Vila Isabel, o tempo de exaltar a nossa Coroa, na festa do
povo, celebrando os corações do bairro de Noel, encontrando-se com outra
Coroa, a da Casa Real, destinada a criar uma Cidade Imperial.
Vibra uma Vila que se reencontra com as origens, com
a sua negritude, com a sua raça! São através dos pés aguerridos das negras e
negros que sambam e honram a história que vem a Vila louvar os louros de sonhos
de outrora e dos de agora, mostrando a toda essa gente que samba de verdade é
tradição do nosso sangue rubro e, em um gingado incomparável, quente. “Sou da
Vila não tem jeito;
comigo eu quero respeito!”.
comigo eu quero respeito!”.
Portanto, encantem-se com a história que vamos
contar, pois ela começa com Pedros, dos céus à terra, para criar uma cidade em
uma serra.
O Santo. São Pedro que, desde o primeiro desfile da
Branco e Azul, costuma lavar nossa alma e lustrar com seu sagrado encanto a
Coroa da Escola, símbolo da força da gente que dá o sangue na avenida. O Santo
que deu nome a tantos outros santos e homens!
O Padroeiro do Brasil e da futura cidade. Santo
Pedro de Alcântara, em adoração ao Altíssimo, homônimo do primeiro e inspiração
para nomear os senhores do Reino.
O Pai Pedro de Alcântara, Rei Soldado Dom Pedro I, quem sonhou com a cidade no alto.
E o Filho Pedro de Alcântara, Magnânimo Dom Pedro II, que realizou o legado.
E são os batuques da Vila que contarão a estória,
com o fervor da seiva das suas raízes. Em nome do Pai, do Filho e dos Santos,
vem a Vila celebrar a Cidade de Pedro e sua glória.
Lá, onde o céu toca a terra, acharam o crepúsculo de
um mundo habitado pelos astros e seus donos: na Serra da Estrela, seus reis, os
Índios Coroados, e um paredão, a ponte com o firmamento que transformava o fogo
em relento. Lá, os mistérios atraíam os olhares castigados do calor que nem o
mar aliviava, e as bocas secas que encontrariam as águas cristalinas que
talhavam a dura rocha, a água pura dos mistérios da Estrela Serra.
Avançando os anos, a ocupação lenta de uma serra a
ser desbravada e, enfim, trilhas para as Minas, ouro para a Casa. Depois que a
Coroa se instalou, subindo as tais trilhas tortuosas, outros caminhos pelos
arcanos da serra passaram a encantar o Império à beira-mar. Partiu então o Pai
para viajar e, lá, ao pernoitar, ao esquecer o sol inclemente, sonhou com ares
mais amenos para corpos ainda não acostumados com o calor da vida que fervilha
cá embaixo, ardente. Veio, após o peregrinar da carruagem, o sonho – uma cidade
nunca vista nas terras quentes! Uma cidade que brilharia do cume daquela
Estrela: do que esta, ainda mais imponente.
Mas quis a vida que o Filho realizasse o
sonho-desejo. Pai morto, Filho imperador, e a Cidade de Pedro a ser erguida.
Nos projetos, com o incentivo do mordomo e com o plano do major, foram
idealizados, primeiro, um palácio e uma igreja para o Padroeiro: reinava a
santidade da cidade a ser imperial, que começava a crescer, maravilhando os
olhos acalorados do povo suado do litoral.
Nascia e vivia Petrópolis, com os exuberantes ares
que, do alto, iluminaram todo um Império. Uma cidade moldada pelas mãos dos
imigrantes, uma das primeiras planejadas. Destinada, pelos sonhos e vontades de
Pai e Filho, a ser muito! Casa de Veraneio, um império no Império Brasileiro,
uma Versalhes de refúgio abrasileirada, na verdade quase sempre ocupada –
passou, o Filho, ali, quarenta verões, na cidade encantada. Para toda a gente
da Corte, a vida embalada no colo de uma Estrela, onde Princesa Isabel, a filha
Redentora, não se cansava de descansar
para, mais tarde, ser a inspiração do nosso sambar, dando-nos a Coroa para
embelezar a realeza do Escola de Noel, aqui perto do mar.
Mas Petrópolis encontrava-se com a história e com o
tempo e, balançando no fiar do fado, um Barão iniciou o guino: estradas de
ferro e novas rotas. O progresso! Com a pulsação dos avanços, o projeto de um
trem a subir uma montanha! Nessa leva, outros gênios, e uma das estradas levou
o nome do seu tino: União e Indústria,
a primeira macadamizada, o futuro promissor. E além dos avanços, com o tempo
que não para, o prenúncio de novas eras. Um baile de cristal que comungava e
anunciava o futuro sem o terror da escravidão – dali a pouco, liberdade, e,
após muita luta, abolição como canção!
Passou o Império, mas nunca a imperialidade. E,
aguerrida, até uma capital Petrópolis se tornou quando, com a Armada, a então
jovem República cambaleou. Brilhariam para sempre os palácios, mas, também, o
triunfo de uma polis que progredia, soberana, namorando a abóboda celeste. Dos
encantos de Petrópolis, convenções internacionais e um Brasil que se ampliava:
veio o Acre, que passou a ser mais um aposento da nossa casa. Avançava e eis o
novo símbolo da cidade: um Hotel-Cassino, de onde o mundo pôde admirar a Cidade
Imperial na sua plenitude de norte a sul, de leste a oeste. Reina, ontem e
hoje, a natural beleza das acolhedoras terras frias e das águas puras e
límpidas, cujos encantos competiram apenas com os das musas que passaram pelos
festivais, enchendo-nos de alegria!
Sempre em frente, caminha. Dobra-se o mundo que se
encanta com sua real e avançada realidade. Luxo das vestimentas, delícias da
cevada e frutífera imponência, pois, do passado ao presente, eis o Laboratório
Nacional de Computação Científica: tecnologia e ciência. E futuro não lhe falta
enquanto, daqui de baixo, a Vila lhe presta, enfim, esta respeitosa reverência.
Assim, São Pedro, que sempre abençoa nossa realeza e
os tambores da Swingueira de Noel... E Santo Pedro de Alcântara, padroeiro do
nosso chão e que não deixa na mão quem Lhe é fiel... Façam, através desta
história, brilhar o ouro da tradição da Vila, da nossa negritude e da nossa
Coroa Real, enquanto cantamos a plenos pulmões, admirados (e, com seus fantasmas, assustados!),
outra Coroa, a de Petrópolis, a Cidade Imperial.
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