Colunistas da Cadência, Professor Mariano e Eduardo Poeta se unem para
escrever um artigo sobre o assunto que movimentou o mundo do samba na última
semana: a redução, pela metade, da verba destinada às Escolas de Samba da Capital.
(Imagem disponível em: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2014/03/04/comlurb-anuncia-demissao-de-300-garis-que-mantiveram-greve-no-rio.htm)
(Imagem disponível em: https://noticias.bol.uol.com.br/ultimas-noticias/brasil/2014/03/04/comlurb-anuncia-demissao-de-300-garis-que-mantiveram-greve-no-rio.htm)
PREFEITURA X LIESA.
Economia, educação, demagogia e blefe. A farsa da subvenção do carnaval carioca.
por Professor Mariano e Eduardo Poeta
A ironia veste a fantasia e toca surdo, cavaco e tamborim. Foi preciso
um alcaide evangélico, o pastor e, atual prefeito da cidade do Rio de Janeiro,
para nos dizer que o sambista é que deve ser mais valorizado neste imenso
espetáculo que se tornou o desfile das escolas de samba do grupo especial. Toda a celeuma é por conta dos 50% que ele
pretende reduzir na “subvenção” dada, pela prefeitura, às escolas - em campanha
prometeu aos sambistas que a verba seria mantida e, quem sabe, acrescida.
Em nome de uma suposta “crise”, mas que sabemos muito bem, que é na
verdade um projeto econômico de sufocamento da classe trabalhadora, para que o
cassino da jogatina especulativa do capitalismo continue, ele pretende a partir
desta redução, para “aplicar” essa grana em creches e saúde. Ano passado outras
prefeituras usaram deste artifício para suspender seus festejos de momo.
No Rio de Janeiro
tal medida anunciada vem causando muita polêmica. Pelo peso e proporção que os
desfiles das Escolas de Samba tomaram aqui na cidade maravilhosa. O "maior espetáculo da terra" é aqui e portanto, “seu”
Crivella, aqui o papo é outro.
Fazendo uma autocrítica, um milhão mais a grana dos direitos
televisivos deveriam sim dar para continuarmos a realizar esta festa. O
problema que nós sabemos que o desfile do Grupo Especial virou um grande
negócio que vem enriquecendo muita gente. Políticos, jornalistas,
carnavalescos, dirigentes e sambistas.
Sendo assim, nós da Cadência da Bateria, que valorizamos acima de tudo
o samba como cultura popular e não produto de venda no exterior, achamos que é
um exagero da LIESA, cancelar os desfiles. Mesmo com o corte de verba dá sim, para
fazer uma bela festa. Poderia ser até um momento histórico, para que muita
coisa começasse a ser feita, no sentido de fazer com que os desfiles das
escolas de samba do Grupo Especial se tornassem algo mais popular e menos
modorrento.
Por outro lado, sabemos que esse papo político do senhor alcaide
Crivella de dizer que vai pegar a grana do carnaval e aplicar em educação e
saúde é papo “para inglês ver”. Primeira
coisa que temos que debater é o seguinte: Carnaval é cultura. Logo tem seu
orçamento próprio, portanto essa história de alocar recursos do carnaval em
educação e saúde é pura retórica e demagogia, que a nosso ver, revelam na verdade,
a faceta de um governo de cunho evangélico.
Ao tomar essa decisão de corte de
verba o pastor está sinalizando um movimento para enfraquecer uma das
instituições mais tradicionais do carnaval, mas que por práticas equivocadas ao
longo do tempo foi se esvaziando como instituição cultural representativa e
popular. O resultado disso, é que o prefeito está apostando que, um
enfrentamento hoje com as “escolas de sambas S/A” do “elitista” Grupo Especial
mas, que também atingirá o Grupo de Acesso A. Seria vitória para a prefeitura e
mais do que isso; seria o começo de um processo de enfraquecimento do carnaval.
Pois o fato do desfile do Grupo Especial ter virado, na prática, grade de
programação de TV e lucro turístico comercial, permite que a prefeitura defenda
a diminuição da grana para tal evento. Tal atitude poderá ter boa repercussão
na opinião pública. Nunca é bom lembrar que muito dos eleitores do pastor
vieram das camadas populares, inclusive do próprio mundo do samba. O que é uma
baita ironia carnavalesca, diga-se de passagem.
Dentro deste cenário achamos
que não passa de um blefe da LIESA o
cancelamento do desfile de 2018. Pelo simples fato de esta entidade ter um
histórico de pouca transparência e democracia
na sua gestão. Para o “povão” poderia passar, como uma atitude antipática
perante a suposta “crise” avassaladora que o Estado do Rio estaria passando.
Para encerrar queremos dizer, que este impasse que se estabeleceu sobre
os desfiles de carnaval pode ser um momento singular para que, os verdadeiros
sambistas, façam um movimento político em defesa, da realização dos
desfiles. Além disso, propor um carnaval
mais popular, democrático, politizado e transparente no seu concurso. Assim, talvez, pudessem ganhar essa queda de
braço com o alcaide pastor.
0 comentários:
Postar um comentário