A Caprichosos de Pilares divulgou nesta terça-feira, 27 de
maio, a sinopse do enredo ''Na minha mão é + barato!'', que será desenvolvido
pelo carnavalesco Leandro Vieira, responsável também pela pesquisa e texto.
Confira:
Confira:
"NA MINHA MÃO É + BARATO"
Numa transação feita a preço de banana, um índio vendia a um
português, a madeira do Brasil – na base da troca – por um caco de espelho; ou,
dizem os livros, por um punhado de quinquilharias de metal.
O negro – escravo, alforriado, ou recém-liberto – vendia uma
penca de bananas por dez réis. O quindim – mel dos méis – na mão da mulata
custava cinco vinténs. Assim, oferecendo mercadorias equilibradas sobre a
cabeça, o negro assumiu a primazia do comércio feito nas ruas do Rio Colonial.
A pretamandingueira ergueu o tabuleiro, e eis aqui, o pregão do mulato
pregoeiro: “Quem vai querer? Quem quer levar? A fruta, o milho, a cana. Um doce
pro sinhô, as flores da sinhá!”
O fato, é que o desfile humano do comércio ambulante
manteve-se inalterado até a República despertar. No Rio, que amanheceu com o
alvorecer do século XX, entrou na “dança” – ou melhor, parou na rua - o
imigrante. Este, por sua vez foi garrafeiro, funileiro e jornaleiro. Foi o
mascate. O dono das calçadas. O vendedor de um Rio Antigo. De uma cidade que
ficou na memória. De um Rio, pago em tostões.
Hoje, ele tá na praia. E o mate com limão - do Arpoador ao
Leblon - “tá custando cinco”. Tá na feira. Tá também no sinal que se fecha. Tá
no mercado a céu aberto da Uruguaiana. Está no carnaval que virou comércio.
Está na “banca” que Pilares monta e no anúncio do pagou levou: Quem quer comprar um carnavalesco? Quem dá
mais pra levar o mestre-sala? Alguém pergunta: - E quanto vale o respeito ao
samba? – Digo que tá valendo pouco. Ou melhor, isso eu digo que não tá valendo
nada.
Este enredo é dedicado à memória de Fernando Pamplona.
“Artigo” de primeira, “peça” rara, “coisa” fina, e referência para esse que
inicia.
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