CADÊNCIA DA BATERIA

O maior encontro de bandeiras de Niterói

CARNAVAL DE NITERÓI 2018

Alegria da Zona Norte - Campeã do Grupo A

CARNAVAL DE NITERÓI 2018

Experimenta da Ilha da Conceição - Campeão do Grupo B

CARNAVAL DE NITERÓI 2018

União da Engenhoca - Campeã do Grupo C

NA CADÊNCIA DA BATERIA 2018

O CARNAVAL DE NITERÓI PASSA AQUI

NA CADÊNCIA DA BATERIA

O maior acervo do Carnaval de Niterói

CADÊNCIA DA BATERIA

Carnaval de Niterói. Ontem e hoje!

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quinta-feira, 30 de julho de 2020

Vigário Geral lança clipe do samba-enredo e canal no Youtube

quinta-feira, 30 de julho de 2020
O Acadêmicos de Vigário Geral lançou o clipe do seu Samba-enredo para o próximo carnaval. A obra embalará o enredo “Pequena África: Da Escravidão ao Pertencimento – Camadas de Memórias entre o Mar e o Morro" e já está disponível no canal da agremiação no Youtube, lançado recentemente.


Em breve a tricolor fará o lançamento oficial do samba através de uma live nas redes sociais. O enredo será desenvolvido mais um ano pelo trio de carnavalescos Alexandre Costa, Lino Sales e Marcus do Val.

Link do videoclipe https://www.youtube.com/watch?v=2LYpRE8BHbM&t=5s

quarta-feira, 29 de julho de 2020

Pioneira na disputa de samba virtual, UPM escolhe seu hino no sábado

29 de julho de 2020
Primeira escola de samba a realizar uma disputa de samba na versão virtual, a Unidos de Padre Miguel iniciou o concurso no dia 4 de julho com a apresentação 10 sambas. Após três etapas eliminatórias, a UPM vai escolher no próximo sábado, 1º de agosto o seu hino para o próximo carnaval. Considerando a safra, podemos afirmar que a o 'Boi Vermelho' de Padre Miguel, manterá sua tradição de levar ótimos sambas para a avenida. A disputa de samba da UPM poderá ser acompanhada ao vivo pelo canal da escola na plataforma youtube.

Nosso colunista, Professor Mariano, analisa os sambas que se credenciaram à grande final, o enredo e a expectativa para a escolha do hino.

UPM faz primeira final virtual de samba-enredo da história 
por Professor Mariano

Fotos: Diego Mendes / S1 Fotografia

Em tempos sombrios da crise da pandemia de Covid-19, quando nós nem sabemos se teremos desfile de escola de samba e Carnaval em 2021, a Unidos de Padre Miguel, conhecida também como UPM, faz pela primeira vez na história do samba, uma final de samba-enredo sem público, sem torcida presencial e de forma virtual.  Apesar do momento inusitado, a escola da Vila Vintém vai fazer uma final de samba-enredo de alto nível. 

Com o enredo “Iroko – É Tempo de Xirê” de autoria do carnavalesco Edson Pereira, que volta a escola, a UPM escolhe mais uma vez tratar do tema ligado à identidade negra. O enredo da Boi Vermelho vai mostrar a história de Iroko - uma das divindades mais antigas dos povos Ketu ancestrais. 

É a árvore sagrada que representa a permanência, a longevidade, o tempo. 
No quesito samba-enredo, os cinco sambas escolhidos para a grande final de sábado são de excelente qualidade, confirmando a tradição da escola da Vila Vintém nos últimos anos, de levar para a passarela do samba grandes sambas-enredo.

Vamos, a uma breve análise dos finalistas

O samba de número 138, de Chacal do Sax e cia, defendido por Bruno Ribas, é, para mim, o favorito para ser escolhido como o hino da UPM para o carnaval 2021. Destaco, neste excelente samba, os seguintes versos: 

Ó tempo, ouça meu clamor:
Conceda aos seus filhos o perdão
E ao reluzir o opaxorô...
Seu povo pede salvação!

Os versos acima, dizem muito do momento de mal estar civilizatório que estamos vivendo com a pandemia, aliada à desgraça do capitalismo predatório, em que o povo recorre, muito vezes, a fé para encarar o que parece ser o juízo final. Destaco também, nessa composição, a riqueza melódica do samba, bem como, a força do refrão principal. Bem avaliado pela crítica especializada e pelo público, o vejo como favorito, embora não ache o melhor da safra.

O samba 7, de Marcio André e parceiros, apesar de ter um bom refrão principal e uma rica melodia, não vem tendo um bom rendimento nas eliminatórias. Não consegue empolgar como um todo. Tirando o refrão principal, o samba cai um pouco em intensidade. Embora seja bonito e esteja na briga para ser o hino da UPM, vejo ele num patamar abaixo dos demais. 

O samba 10 de Claudio Russo e parceiros é tão grandioso e complexo quanto o enredo. É rico em melodia e corajoso na harmonia, porém, tem uma letra muito extensa. Mas, sem dúvida está na disputa.

O samba 5, de Samir Trindade e parceiros, e interpretado por Wander Pires, é bonito, riquíssimo em nuances de melodia, mas muito parecido, em estrutura com o samba da UPM de 2017, que também era de Samir e seus parceiros. Contudo, se for escolhido para ser o hino da escola, não será surpresa. Tem know-how para isso. 

Para finalizar as análises dos sambas finalistas da Unidos de Padre Miguel para o carnaval 2021, vamos falar do samba 13, de Gustavo Clarão e parceiros, que na minha visão, é o melhor samba dos finalistas. Valente, apesar da complexidade do enredo, conseguiu fazer uma letra não muito extensa. E tem um refrão imbatível. 

Bato cabeça, me ajoelho
Pra Iroko abençoar 
Branco é o encanto do ojá 
Filha de santo, sagrado manto
Sou guerreiro mais fiel
Boi vermelho do ilê Padre Miguel. 

O refrão acima tem uma energia rítmica que, sem dúvida nenhuma, se o samba for escolhido como o hino da UPM para o Carnaval de 2021, vai irradiar e conduzir com muita força o chão da escola no desfile. 

O samba de Gustavo Clarão e CIA, além de ser valente como os orixás, já que conduz a escola para frente, ajuda na evolução e harmonia. Soma-se a isso, a beleza da melodia. 

Independentemente da escolha da direção da UPM, a escola levará para a Sapucaí um sambaço e também um grande enredo. Algo não muito diferente do que essa escola vem fazendo desde 2013, elevando os desfiles da Série A do Rio de Janeiro a outro patamar.
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PROFESSOR MARIANO

Historiador e pesquisador do carnaval, um dos fundadores do projeto Cadência da Bateria. 



Em suas colunas aborda o carnaval considerando os aspectos políticos e sociais e a importância dos desfiles para a construção da memória da cultura popular.

domingo, 26 de julho de 2020

PRIMEIRA MÃO: Região Oceânica já tem enredo para o próximo carnaval

quarta-feira, 22 de julho de 2020

A Unidos da Região Oceânica escolheu a Cadência da Bateria para apresentar, em primeira mão, seu enredo para o próximo carnaval. Única escola de samba de Niterói que desfilou apenas no grupo principal desde a volta dos desfiles oficiais em 2006, a verde e branca, desta vez aposta em um enredo de temática africana para a conquista do tão sonhado título. "Sawabona Shikoba. Ritual de um povo africano", é o título do enredo criado pelo carnavalesco Índio Garcia.

 "Eu te respeito e te valorizo, você é importante pra mim. Então eu existo pra você" 

A sinopse será entregue em breve, mas Índio adiantou à Cadência da Bateria o contexto geral do enredo. "Levaremos para a avenida um costume e cumprimento usado na África do Sul, por uma tribo chamada Babemba, da etnia dos Hauçás, onde em seus rituais de purificação utilizam a saudação Sawabona Shikoba. Sawabona significa 'eu te respeito e te valorizo você é importante pra mim'. Em resposta as pessoas dizem Shikoba, 'então eu existo pra você', explicou o carnavalesco.

O ritual é realizado durante dois dias pela tribo Babemba, na Africa do Sul. Sempre que alguém faz algo prejudicial ou errado eles levam a pessoa para o centro da aldeia e toda a tribo rodeia o indivíduo, e dizem todas as coisas boas que ele já fez, o erguendo até reconectá-lo com sua verdadeira natureza e identidade para lembra-lo quem realmente ele é. A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro pela libertação e purificação do corpo e da alma.

A tribo 'Babemba' acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom, cada um de nós deseja amor, paz união, segurança, perdão e felicidade, mas na busca incansável dessas coisas as pessoas cometem erros e a tribo enxerga no ritual de Sawabona Shikoba o desejo do ato coletivo bastante fraternal. Onde o respeito a união e harmonia é compartilhado. Pronunciadas juntas Sawabona-Shikoba significa "Eu sou bom". 

A Região Oceânica vai passar a mensagem de que o homem é um animal que vai mudando o mundo e depois tem de ir se reciclando para se adaptar ao próprio mundo que fabricou. "Através do ritual viajaremos em três mundos. Dos deuses e antepassados...Mundo da Natureza e o mundo dos Humanos. O amor, o respeito e o perdão será cantado na avenida. Na sinopse, a Oceânica foi buscar nos braços da Mãe Africa berço da civilização a essência da igualdade, da empatia e do perdão. Salve o manto verde da esperança e branco da paz. Afinal, Vidas importam!!!", completou Índio.

Para Ginho, o presidente da Unidos da Região Oceânica, o enredo é dos trunfos para o próximo carnaval. "Estou bastante confiante em relação a esse enredo que o Índio nos apresentou. Foi prontamente aceito por toda a diretoria", disse o presidente à Cadência.

  Expectativa para o próximo carnaval  

Mesmo diante da dificuldade imposta pela pandemia, Ginho mostra otimismo para o próximo carnaval. "Esse momento é delicado pra ficarmos pensando em carnaval, mas também não podemos desanimar totalmente e deixar tudo de lado, porque isso uma hora vai passar. Acredito que o carnaval não deva ser adiado por muito tempo, talvez um ou dois meses, e não podemos parar com o trabalho. Minha proposta, desde que eu retomei  a escola, é justamente é começar a trabalhar o mais cedo possível", informou Ginho à reportagem da Cadência da Bateria.

O otimismo é compartilhado pelo carnavalesco da agremiação. "Sawabona Shikoba está atualíssimo. Nada melhor que buscar nos braços da Mãe África a sabedoria e aprender os valores de amar ao próximo visando a aproximação de dois inteiros e não a união de duas metades. Espero que Sawabona Shikoba possa tocar e emocionar os corações de todos na avenida e a Oceânica sair consagrada da avenida. E mais forte do que nunca!!", contou Índio Garcia

CARNAVAL DE NITERÓI É NA CADÊNCIA

terça-feira, 21 de julho de 2020

Cubango lança projeto educacional online

terça-feira, 21 de julho de 2020
Em meio ao cenário de pandemia, o G.R.E.S. Acadêmicos do Cubango buscou formas de ajudar a sua comunidade e encontrou a resposta em um projeto educacional. O #EducaCubango vai recrutar profissionais da área da educação que queiram trabalhar de forma voluntária para a transmissão online de aulas e palestras para quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além dos famosos aulões, que terão conteúdo das disciplinas que serão testadas na prova, haverá palestras com a intenção de tranquilizar os alunos através de dicas para tirar um pouco do peso que é fazer um teste como esse.

#EducaCubango pretende ajudar quem vai fazer o ENEM

O projeto foi idealizado pelo diretor coreográfico da agremiação, Pablo Guerreiro, e conta com a participação de especialistas em educação como coordenadores pedagógicos e professores. “A nossa intenção é resgatar a ideia de que a agremiação é uma escola, que através da agremiação podemos ensinar pessoas, só que dessa vez vamos além das aulas de samba no pé, de ritmo ou de quaisquer outras atividades que são fundamentais à uma escola, queremos ajudar essas pessoas a chegarem às universidades. Queremos provar, acima de tudo, que preto e pobre também tem o direito de estudar, que pessoas periféricas podem, sim, ter um diploma de ensino superior. Também quero que tenhamos a adesão de professores pretos, inclusive mulheres, para que essas pessoas sejam inspiração não só para jovens, mas para aqueles que têm o sonho de estudar adormecido ou colocado num canto por conta do preconceito”, explica Guerreiro.

O projeto, que está programado para ter início em meados de agosto, foi dividido em três fases: convocação de profissionais, convite para parceiros e cadastro de alunos. “Precisamos de profissionais e parceiros que estejam dispostos a nos ajudarem nesse projeto. Já temos alguns professores cadastrados, mas precisamos de mais profissionais. Nós iremos oferecer as aulas através do Facebook, mas pensamos em, mais para a frente, utilizar uma plataforma mais específica para ministrarmos essas aulas. Também buscamos apoio de empresas que queiram doar materiais escolares para os alunos, que nos ajudem a imprimir material e disponibilizar para os alunos em nossa sede, que possam pagar internet para esses jovens. Enfim, há muitas possibilidades, podemos fazer muito, mesmo, mas vamos precisar da ajuda de pessoas e empresas para realizar tudo isso em uma escala maior”, diz Guerreiro.

O presidente da agremiação, Rogério Belisário, acredita na importância do projeto para a comunidade. “O Acadêmicos do Cubango é uma escola que leva muito a sério a temática afro, principalmente porque nossos componentes são, em sua maioria, pessoas pretas, e queremos que essas pessoas saibam que nosso lugar é onde a gente quiser. Sabemos que, para além da pandemia, os jovens periféricos quase sempre não têm acesso a esse tipo de conteúdo e queremos usar as nossas redes para ajudá-los de alguma maneira”, diz Belisário.

Rocinha apresenta novo intérprete para o próximo Carnaval

terça-feira, 21 de julho de 2020

A nova diretoria do Grêmio Recreativo Escola de Samba Acadêmicos da Rocinha segue empenhada nas contratações para o Carnaval 2021. A azul e verde que levará para a avenida, o enredo: “Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo sim senhor: Carnaval a mais bela expressão cultural de uma raça“, de autoria do carnavalesco Marcus Paulo, anunciou o intérprete oficial para o próximo ano.

Dodô Ananias assume o carro de som da azul e verde

A voz da Rocinha será Dodô Ananias, o gaúcho de 25 anos tem vasta experiência no samba em Porto Alegre, sua terra Natal. Por lá já passou por escolas de samba como Mirim Esporte da Samba, Protegidos da Princesa Isabel, Fidalgos e Aristocratas e Imperadores do Samba. Dodô também tem passagem pelo carro de som da Paraíso do Tuíuti.

Império Serrano realiza live com Salgueiro em homenagem a Roberto Ribeiro no próximo domingo

terça-feira, 21 de julho de 2020
Para coroar as homenagens no mês em que o cantor Roberto Ribeiro completaria 80 anos, o Império Serrano fará, no próximo domingo, 26, a edição especial da Live Botequim do Império Serrano, homenageando este grande ícone da música popular brasileira, com presença do Acadêmicos do Salgueiro e vários outros convidados na TV Império Serrano no Youtube.

A live será comandada por Jorginho do Império e Alex Ribeiro, que fará uma grande homenagem ao seu pai, com participação de nomes como Arlindinho, Hamilton Fofão, Zé Luís do Império, Pretinho da Serrinha, Dom Vidal, Renato da Rocinha, Quinho do Salgueiro e Emerson Dias.

"Não poderíamos deixar de homenagear o grande Roberto Ribeiro em nossa live neste mês de julho. Por toda sua importância e tudo que ele representa para a nossa escola, além de estarmos recebendo convidados importante e a coirmã Salgueiro, inclusive agradeço ao Presidente André Vaz pela disponibilidade", destacou o Presidente Sandro Avelar.

João Saldanha é o enredo da Botafogo Samba Clube para o próximo carnaval

terça-feira, 21 de julho de 2020
Liberdade é uma conquista. No nosso país, personagens lutaram para que hoje pudéssemos nos expressar. Para o próximo carnaval, a Botafogo Samba Clube levará a vida de João Saldanha à Intendente Magalhães, na busca por uma vaga na Marquês de Sapucaí. Intitulado "Um apaixonado pela verdade caminhando em tempos de ilusão", o enredo será desenvolvido pelos carnavalescos Marcelo Adnet e Ricardo Hessez. O anúncio foi feito na noite desta segunda-feira, 20, em live realizada na página da escola.

Marcelo Adnet e Ricardo Hessez terão o desafio de mostrar a história de "João Sem Medo" na Intendente

Num enredo histórico e atual ao mesmo tempo, o carnavalesco Marcelo Adnet festeja a escolha de João Saldanha para que a BSC desfile pelo Grupo Especial da Intendente Magalhães em 2021. "É um personagem sensacional, polêmico e insubmisso. Num tempo em que precisamos de alguém que levante a voz, proteste e lute contra a o que estamos vendo atualmente, que falta faz o João. É uma pessoa de várias faces e inspirador. A escola tem um enredo à altura para uma linda festa", afirma Adnet. 

Ricardo Hessez completa, "a voz de João o levou a diversos lugares. Chegou aos rádios, aos gramados, à linha de frente contra a ditadura militar, à TV etc. Era uma pessoa que tinha coragem de falar o que os outros não tinham, marcando o seu nome na história do Brasil. Hoje, clamamos pela democracia e a voz de João Saldanha será a nossa. O que ele iria dizer sobre os novos tempos? Com a sua força, vamos lutar por mais uma conquista", destacou.

A trajetória de João Saldanha começa no Rio Grande do Sul, mas o Rio de Janeiro o seu lar por toda uma vida. No rádio, João foi o comentarista que o Brasil consagrou. Nos gramados, treinou o Botafogo e a Seleção Brasileira, levando-a à Copa do Mundo de 1970. Marcou seu nome no clube de General Severiano e se tornou uma estrela na constelação alvinegra. Não se curvou aos poderosos e cravou o seu nome na história.

Com o enredo lançado, a escola divulgará em breve a sinopse e o cronograma para a escolha do samba para o próximo carnaval. Em 2020, a BSC ficou na décima colocação.

sábado, 18 de julho de 2020

Lierj e Ação da Cidadania entregam 18 toneladas de alimentos e produtos de higiene para comunidades

sábado, 18 de julho de 2020

Ação beneficia agremiações da Série A, associações de Baianas, Velhas Guardas e Baile dos Passistas do Milton Cunha.

Mais um feito de grande importância foi realizado pela Lierj em parceria com a Ação da Cidadania, do sociólogo Hebert de Souza, o Betinho, nesta sexta-feira e sábado. Juntas, as instituições distribuíram 18 toneladas de alimentos e material de higiene para comunidades das Escolas de Samba da Série A, além de famílias das associações das Velhas-Guardas, Baianas e Baile dos Passistas, presidida pelo Carnavalesco Milton Cunha. "Precisamos olhar principalmente para aqueles que, apesar da grande importância para a construção dos carnavais, quase nunca aparecem. Como diz o próprio samba em homenagem ao Betinho 'Sirva um prato cheio de amor pro Brasil se alimentar", destacou Bruno Tetê, Diretor Social da Lierj.

A ação contempla cerca de 1800 famílias que têm enfrentado dificuldades durante este período de pandemia. A Lierj, recentemente, prorrogou para 07 de dezembro o prazo para entrega dos sambas-enredo de suas 15 agremiações filiadas para o próximo Carnaval.

A narrativa do negro nas escolas de samba e o importante enredo do Império da Tijuca para 2021

sábado, 18 de julho de 2020
O colunista da Cadência da Bateria, Professor Mariano, cita o enredo do primeiro Império do samba para destacar a importância da volta às origens das escolas de samba, e questionar a ideologia do branqueamento que tomou conta da escola de samba nas últimas décadas no momento em que vemos o racismo estrutural mostrar sua cara no Brasil e no mundo. Confira a coluna do Professor.

A narrativa do negro nas escolas de samba e o importante enredo do Império da Tijuca para 2021. Uso do termo “tema afro no Carnaval” é sinal de amor às origens ou negação da identidade?
por Professor Mariano

O Império da Tijuca escolheu como enredo para o Carnaval 2021 “Samba de Quilombo, a Resistência pela Raiz”, escrito e desenvolvido pelo carnavalesco Guilherme Estevão. Nele, a escola do morro da Formiga pretende relembrar a experiência carnavalesca do Grêmio Recreativo de Arte Negra e Escola de Samba Quilombo, agremiação carnavalesca criada no fim de 1975 por grandes baluartes do mundo do samba, como Antônio Candeia Filho, Wilson Moreira e Nei Lopes. 

Ao trazer para o sambódromo a saga quilombola de Candeia e sua turma, o primeiro império do samba, como é carinhosamente chamada a Tijuca, reascende uma reflexão que permeia o mundo do samba desde a década de 1960: para onde o samba está indo? Ou, para onde estão levando nosso samba? Dentre uma série de fatores responsáveis por essas indagações estão, principalmente, o distanciamento das escolas de sambas das suas comunidades de origem e o branqueamento da narrativa das escolas de samba no seu dia a dia. 

O Império da Tijuca escolhe falar, no Carnaval de 2021, sobre a história da Escola de Samba Quilombo, no mesmo momento em que se percebe que as escolas de samba fazem uma espécie de busca por enredos que ressaltam a história e realidade do negro. A crítica especializada em carnaval, geralmente, classifica esses enredos, como tema “afro”. 

A escola de samba criada no final da década de 1920, ou seja, no século passado, foi uma realização cultural dos negros afro-brasileiros marginalizados pela política excludente da chamada Primeira República. Foi assim que, Ismael Silva e seus parceiros do Estácio, tiveram a ideia de criar uma escola que ensinasse samba e cultura negra para as futuras gerações. Desse modo, nascia o conceito de escola de samba. Portanto, é no mínimo incoerente classificar um enredo de “afro” quando ele aborda os assuntos pertinentes ao próprio negro. Quando a escola de samba assume quem é, o termo afro desaparece para perpetuar em toda ela, em todo o enredo, simplesmente porque aborda a sua origem. Naturalmente, ela está afirmando aquilo que a escola Quilombo dizia ser: a raiz do samba. É preciso se declarar negro e ter orgulho disso! 

O termo, enredo “afro”, me parece ser um conceito defendido por aqueles que até reconhecem o valor da cultura afro-brasileira, mas, ao mesmo tempo, não reconhece essa mesma cultura como parte constituinte da nossa identidade brasileira. Quando a escola de samba criada por negros resolve falar da sua religião matriz, da sua dança e do seu samba, não seria brasileiro, mas africano, segundo essa teoria. Isso é a ideologia do branqueamento que tomou conta da escola de samba, principalmente a partir da década de 1960, quando deixou de ser um núcleo cultural comandado por uma comunidade negra, formada por trabalhadores, desempregados e marginalizados pelo capitalismo dependente e virou uma empresa multicultural e racial. Bem ao sabor da ideologia da chamada democracia racial brasileira.
Mas, no momento em que a gente vê o racismo estrutural a mostrar a sua cara no Brasil e no mundo, de forma escancarada e sem pudor, muitas escolas de samba parecem agora, reconhecer a importância da negritude na sua formação identitária. 

Assim, é genial o Império da Tijuca trazer, à luz da crítica carnavalesca, a escola manifesto Quilombo como seu enredo para o Carnaval de 2021. Mostra que uma parte do mundo do samba ainda quer discutir a tese central da galera do Quilombo, que é: o samba é sim, de todos nós, brasileiros e dos seres humanos das galáxias. Mas, não podemos nos esquecer, que ele é uma criação e contribuição de nós, negros, para o Brasil e o mundo. É, justamente o que o mestre Candeia defendia: a escola de samba é um lócus da comunidade negra. A paz, o amor devem, sim, perpetuar entre nós. Mas, a essência que nos conduz é a luta pela afirmação da raça negra como detentora de sabedoria e formadora da identidade brasileira. O Brasil é África socialmente e culturalmente.
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PROFESSOR MARIANO

Historiador e pesquisador do carnaval, um dos fundadores do projeto Cadência da Bateria. 



Em suas colunas aborda o carnaval considerando os aspectos políticos e sociais e a importância dos desfiles para a construção da memória da cultura popular.

quinta-feira, 16 de julho de 2020

'A Liga' promove roda de conversa sobre 'Blocos de Rua'

quinta-feira, 16 de julho de 2020
Nesta sexta-feira, dia 17/07, a partir das 18h, os ativistas sociais ‘A Liga’ promovem roda de conversa 'Blocos de Rua - O Carnaval como possibilidade de exercício de direito à cidade'. 

A live será comandada pela ativista Janaina Bemvindo que receberá os seguintes convidados como Mestre Penha (bateria da Portela por 20 anos), Andréa Estevão (jornalista, doutoranda em comunicação e cultura na Eco/UFRJ, pesquisadora audiovisual, carnaval, cidade e festa) e Carlos Fidelis (historiador, pesquisador da Fiocruz, fundador do Bloco de segunda, diretor do Brarangal). 

O encontro acontecerá no Facebook @aligario2020.

Carolina Ribeiro se junta a Ygor Silva na Direção de Harmonia da Sossego

quinta-feira, 16 de julho de 2020
Seguindo seu lema para o próximo desfile, "Para a história continuar", o Acadêmicos do Sossego segue reforçando seus quesitos para o próximo carnaval. A agremiação anunciou a chegada de Carolina Ribeiro, que ao lado de Ygor Silva, formará a dupla de Diretores de Harmonia da escola. É mais uma peça chave da azul e branco do Largo da Batalha que busca brigar pelo campeonato da Série A.

Carolina e Ygor, a dupla de Diretores de Harmonia da Sossego para o próximo carnaval. (foto divulgação)

Com passagens pela Porto da Pedra, Viradouro e também na Sossego em 2019, Carolina Ribeiro é mais um nome que chega para somar aos trabalhos da agremiação. A dupla já trabalha em prol do projeto com reuniões em vídeo. "Já estamos fortalecendo onde achamos necessário, vamos continuar firmes e forte para que a Sossego continue fazendo história", revelou a diretora.

Ygor Silva tem passagens pela Viradouro e agremiações do carnaval de Niterói. Renovado com a agremiação, faz um balanço do trabalho e sinaliza mudanças. "Estamos trilhando um caminho para ter uma harmonia forte e coesa. Tive a oportunidade de já trabalhar no quesito neste desfile, então agora é aperfeiçoar o trabalho, corrigir os erros e aprimorar os acertos", finalizou Ygor.

"Visões Xamânicas" é o enredo da escola para o carnaval 2021, desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues.

quarta-feira, 15 de julho de 2020

OPINIÃO - Cubango 2021, enredo inédito ou reedição?

quarta-feira, 14 de julho de 2020
O Acadêmicos do Cubango lançou em suas redes sociais uma pesquisa para que seus seguidores participassem com sugestões de enredo do Carnaval 2021. A postagem com título "O que vocês gostariam que a Cubango levasse à avenida no próximo carnaval?", logo recebeu dezenas de sugestões, a maioria, claro, pedindo temas afros, conforme a tradição da verde e branco niteroiense.

Entre tantas sugestões, havia homenagens a celebridades,  algumas sobre personalidades negras da história, projetos culturais, e também muitos pedidos de reedições, entre elas 'Porque Oxalá usa o Ekodidé' de 1984, último título da escola em Niterói, 'Ave Bahia cheia de graça', de 1888, quarto lugar no Grupo 3 do carnaval carioca, 'Rosinha minha canoa', de 1976, e 'Madrugada', de 1978, ambos do período do pentacampeonato histórico. E e claro, o famoso "Fruto do amor proibido", do Carnaval de 1981 que não deu o título à escola, mas sem dúvida, é um dos hinos mais famosos da Academia da Noronha Torrezão, dividindo a preferência da nação cubanguense, com o 'pé quente' "Afoxé", pentacampeão em 1979 e campeão do Grupo B Carioca em 2009, que garantiu a presença da verde e branco até hoje na Série A.

O "Fruto", de fato, seria uma ótima opção para o atual cenário, diante de tantas incertezas sobre a realização dos desfiles do próximo ano impactado pela pandemia do Covid-19. O samba, dos compositores Heraldo Faria e Flavinho Machado, já é bastante popular na escola, muito conhecido dos sambistas, de um tema muito rico, sobre a história de Logun, gerado de um romance entre Oxum e Oxossi, que segundo a mitologia africana, tinha características masculinas e femininas.

Mesmo diante de toda a riqueza cultural e musical que o "Fruto" poderia proporcionar, desta vez na Marquês de Sapucaí, e que motivaria um processo mais enxuto para a preparação do próximo carnaval, devido as dificuldade que o momento impõe, e das limitações para uma disputa de samba, ainda assim, o Acadêmicos do Cubango poderia investir numa disputa virtual, como a que a Unidos de Padre Miguel, vem realizando, com muito sucesso e grande repercussão, através de seu canal no Youtube. Processo que deve ser adotado por outras agremiações.

A Cubango tem escolhido bons sambas inéditos nos últimos anos, que renderam inclusive muitas premiações  às obras e reconhecimento à escola. A opção por uma reedição, mesmo de uma samba consagrado, conhecido e de certa forma inédito na Marquês de Sapucaí, tiraria a oportunidade de conhecermos uma nova obra que valorizasse ainda mais a galeria musical da Academia famosa de Niterói. Quem sabe não surgiria um novo "fruto"? Ou outro "afoxé"? Quem sabe uma nova "madrugada", ou outros "ekodidés", "igbás", "rosinhas", "mercedes", "ave bahias"? Talvez outros "exuberantes paraísos", "deuses no Brasil de fé", ou "reis que bordaram o mundo?"

Quem sabe Cubango?

terça-feira, 14 de julho de 2020

União do Parque Acari terá sua porta-bandeira da diversidade

terça-feira, 14 de julho de 2020
A União do Parque Acarí terá a sua porta-bandeira da diversidade no próximo carnaval. Raika Ribeiro Araújo, conduzirá o terceiro pavilhão amarelo e rosa da escola de Acari que desfila pelo Grupo Especial da Intendente Magalhães. "Foi uma indicação do meu amigo Rafael Gomes, primeiro mestre-sala da própria União do Parque Acari. Ele levou a proposta para o presidente Fogueira Bastos que abraçou a ideia, nos recebeu muito, dando a oportunidade de mostrar nosso trabalho, pela primeira vez no Carnaval do Rio de Janeiro", disse Raika à reportagem da Cadência da Bateria.

Raika formará par com Matheus Soli (arte: divulgação)
Raika formará par com Matheus Soli
(arte: divulgação)
DE NITERÓI
Raika já desfila como porta-bandeira há três anos no Carnaval de Niterói, e atualmente conduz o primeiro pavilhão do Império de Charitas, e o terceiro da Unidos do Sacramento. No carnaval carioca os desafios serão ainda maiores. "Estou muito feliz por essa conquista nova e desafiadora no meio de grandes escola que desfilam lá. A escola está muito animada e curiosa pra essa novidade. Espero poder fazer um belo trabalho e com certeza dar o melhor nessa nova família, Agradeço muito ao mestre sala Rafael Gomes e ao presidente Fogueira Bastos por tudo isso", disse Rayka à Cadência.

sábado, 11 de julho de 2020

Carnaval Carioca 2021 - Grupos, enredos e sinopes

CARNAVAL CARIOCA 2021

GRUPO ESPECIAL (Liesa)
domingo, 14 de fevereiro e segunda-feira, 15 de fevereiro
Marquês de Sapucaí

- Unidos do Viradouro
Não há tristeza que possa superar tanta alegria

- Acadêmicos do Grande Rio
Fala, Majeté! Sete chaves de Exu

Mocidade Independente de Padre Miguel
Batuque ao caçador

- Beija-Flor de Nilópolis
Empretecer o pensamento é ouvir a voz da Beija-Flor

- Acadêmicos do Salgueiro
Resistência

- Estação Primeira de Mangueira

- Portela
Igi Osè Baobá

- Unidos de Vila Isabel

- Unidos da Tijuca

- São Clemente

- Paraíso do Tuiuti
Soltando os bichos

- Imperatriz Leopoldinense


SÉRIE A (Lierj)
sexta-feira, 12 de fevereiro e sábado, 13 de fevereiro
Marquês de Sapucaí

- Estácio de Sá

- União da Ilha do Governador

- Unidos de Padre Miguel
Iroko – é tempo de Xirê

- Unidos do Porto da Pedra
Meu tempo é agora!

- Inocentes de Belford Roxo
A meia noite dos tambores silenciosos

- Acadêmicos do Cubango

- Império da Tijuca
Samba de Quilombo: a resistência pela raiz

- Acadêmicos de Santa Cruz

- Acadêmicos do Sossego
Visões Xamânicas

- Império Serrano

- Unidos de Bangu
Deu Castor na cabeça!

- Acadêmicos de Vigário Geral
Pequena África: da escravidão ao pertencimento, camadas de memórias entre o mar e o morro

- Unidos da Ponte
Santa Dulce dos Pobres – O anjo bom da Bahia

- Em Cima da Hora
33, Destino Dom Pedro II

- Lins Imperial

GRUPO B (Livres)
terça-feira, 16 de fevereiro
Intendente Magalhães

- Tradição
Clarice

- Alegria da Zona Sul

- Unidos de Lucas

- Siri de Ramos

- Vizinha Faladeira

- Arame de Ricardo
Amor de Carnaval - O que passou, passou!

GRUPO ESPECIAL DA INTENDENTE (Liesb)
segunda-feira, 15 de fevereiro e terça-feira, 16 de fevereiro
Intendente Magalhães

- Renascer de Jacarepaguá

- Acadêmicos da Rocinha
Eu sou o samba, a voz do morro sou eu mesmo sim sim senhor - Carnaval e samba a mais bela expressão cultural de uma raça

- União do Parque Curicica

- Império da Uva
Andar com fé eu vou!

- Acadêmicos do Engenho da Rainha
Punga, Crioula!

- União de Jacarepaguá

- Arranco
Arranco anuncia: Alceu Valença, o rei do frevo e do maracatu

- Unidos da Vila Santa Tereza
Obinrin Agbara, a saga das guerreiras

- União do Parque Acari

- Botafogo Samba Clube

- Unidos da Vila Kennedy

- Difícil é o Nome

- União de Maricá

- Independentes de Olaria
Batuque pra Penha

- Unidos do Jacarezinho
Ave, Ave! Rainha Senhora da Berlinda

- Flor da Mina do Andaraí

- Unidos da Villa Rica

- Sereno de Campo Grande

- Passa Régua

- Caprichosos de Pilares

- Leão de Nova Iguaçu
Dedé da Portela. Fez da vida poesia e cantou sua alegria em tempo de carnaval!

- Acadêmicos da Diversidade

- Independente da Praça da Bandeira

- Acadêmicos da Abolição

- Imperadores Rubro-Negros
Olélé, Olélé: Uma herança do continente africano

- Rosa de Ouro
Coroaci, a Terra do Sol

GRUPO DE ACESSO (Liesb)
sábado, 13 de fevereiro
Intendente Magalhães

- Acadêmicos do Jardim Bangu

- Unidos de Manguinhos
Maria Helena – A Imperatriz da Passarela

- Império Ricardense

- Vicente de Carvalho
Lunda Semba: A voz do morro agoniza, mas não morre

- Unidos do Cabuçu

- Unidos de Cosmos

- Arrastão de Cascadura

- Mocidade Unida do Santa Marta

- Novo Império
Vem das matas a cura para humanidade!

- Acadêmicos do Dendê
Reciclando carnavais

- Guerreiros Tricolores
Forjado nas cores do guerreiro, nosso lema é vencer ou vencer!

- Império de Petrópolis

- União Cruzmaltina
O meu coração é a tua morada

- Acadêmicos de Jacarepaguá
Okê Caboclo! Salve as matas do meu Brasil

GRUPO DE AVALIAÇÃO
sábado, 20 de fevereiro
Intendente Magalhães

- Peixe Vagabundo
- Feitiço do Rio
- Flor do Jardim Primavera
- Chatuba de Mesquita
- União Rio Minas
- Unidos da Barra da Tijuca
- Unidos do Cabral
- Coroa Imperial
- A Majestade do Samba
- Alegria do Vilar
- Mocidade Unida da Cidade de Deus
- União de Vaz Lobo

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Alegria da Zona Sul se filia à Liesb

quinta-feira, 9 de julho de 2020
A Liga Independente das Escolas de Samba do Brasil (LIESB), informa que, após formalização de toda sua documentação e registros nos órgãos competentes, a nova diretoria do G.R.E.S. Alegria da Zona Sul se filiou à Liesb.

A entidade emitiu nota dando boas vindas à agremiação e desejando boa sorte no desfile do próximo carnaval, na Intendente Magalhães.

Salgueiro divulga sinopse do enredo para o carnaval 2021

SINOPSE - G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO
CARNAVAL 2021
RESISTÊNCIA
Maior cidade escravista das Américas, o Rio de Janeiro foi o palco da assinatura da Lei Áurea, diploma legal que extinguiu a escravidão no Brasil. Abolir o trabalho escravo, porém, não foi suficiente para promover as mudanças tão desejadas por todos nós. Abandonados pelo Império, continuamos sem condições para uma existência decente. Libertos, tornamo-nos prisioneiros da miséria nos cortiços, nas ruas, nos trabalhos precários e na ausência de direitos humanos e sociais básicos. Discriminados e marginalizados,sem cidadania, sem alternativas para uma vida digna, fomos lançados à nossa própria sorte. Excluídos – no dia seguinte, na década seguinte, no século seguinte –, vivemos, até hoje,sufocados.
Hoje, ser preto no Rio de Janeiro e no Brasil (país que tem a segunda maior população preta no mundo) é ter que lutar diariamente por respeito. Lutar para não ceder nem sucumbir à segregação promovida pela sociedade e pelo Estado. É recusar os abusos e a submissão pela ausência de políticas públicas que poderiam promover melhores condições de vida. É não se deixar enganar pela pseudo “democracia racial”, sempre camuflada por hipocrisia, eufemismos ou subterfúgios mal disfarçados.
Aqui, ser preto é, acima de tudo, um ato de RESISTÊNCIA.
E resistir é ter nossa história, antes negada e silenciada, ressignificada e recontada no carnaval, lugar de alegria, mas também de diálogo com o mundo. Ao som dos tambores ancestrais, o Salgueiro foi pioneiro na introdução da temática africana nas escolas de samba. Seguiu na contramão da narrativa “oficial” do país e deu vez e voz aos personagens, heróis e protagonistas pret

os. Como um Griot, transmitiu ricas histórias por meio de enredos que revelam a participação da escola no processo de resistência cultural e de luta contra o racismo institucional.
Resistir é plantar um legado nos “chãos” do Rio de Janeiro. Criamos Quilombos, lugares de resistência e insurgência negra, com estrutura politica, econômica e social africana. Revivemos a história nas marcas deixadas na Pequena África, região que se destaca como lugar de acolhimento e também por personagens como as tias baianas festeiras da Praça XI, cozinheiras e Mãesde Santo celebradas até hoje pela fantasia e pelo rodopio que as nossas Alas de Baianas exibem. Foram elas que formaram o espaço sociocultural do samba, entendido como extensão dos terreiros de Candomblé.
Resistir é professar nossa fé. Por ela nos unimos nas irmandades religiosas que faziam filantropia por justiça social. Construímos os terreiros de Candomblé, templos que são uma reinvenção do macro universo cultural e religioso trazido do continente africano. Desenvolvemos o Culto Omolokô e criamos a Umbanda, religião afro-brasileira surgida no Rio de Janeiro, que sincretiza elementos do Candomblé, do Espiritismo e do Catolicismo.
Resistir é expressar nossa cultura para manter a continuidade de valores civilizatórios. Com a benção dos orixás, entramos na cozinha, espaço de saber, para alimentar o corpo e a alma. Para transformar alimentos, hábitos e a própria culinária brasileira. Ao som dos atabaques, “compramos o jogo” nas rodas de capoeira e dançamos jongo ou caxambu. Pisamos nos gramados para expulsar os cabelos esticados e o pó-de-arroz que “disfarçavam” a cor da nossa pele. Brilhamos nas passarelas e nas ruas com as formas, símbolos, cores e texturas de nossa moda.
Resistir é fazer arte. Inquietos por representatividade e pela visibilidade que insistem em nos sonegar, criamos nossas próprias narrativas e espaços nas artes cênicas, como o Teatro Experimental do Negro. Assumimos nosso protagonismo e nos fizemos enxergar também por meio da literatura, da dança, das artes plásticas. Espalhamos para o mundo a vocação artística que reside em nós.
Resistir é festejar. É revelar nossa maneira de ser por meio das festas, do modo de celebrar a vida, do entusiasmo que propicia o resgate de nossa identidade e afirmação existencial. Desde o chorinho na Festa da Penha, passando pelas escolas de samba, afoxés e blocos afro. Pelo pagode à sombra da tamarineira, pelo funk carioca e pelo charmoso baile sob o viaduto de Madureira.
Resistir é existir.
É continuar a reverberar a coragem dos nossos heróis contemporâneos de pele preta.
É saber que somos frutos de uma mesma raiz de igualdade, fé, esperança, arte e vida.
É crer que nenhuma luta foi em vão. Que nenhuma luta será em vão.
É persistir no sonho de igualdade para que ele não seja silenciado.
É entender que, juntos, em cada passo e em cada pequena mudança, seguiremos adiante.
E é ter certeza que no dia em que fizermos cair todas as máscaras da discriminação, conseguiremos, enfim, respirar.
Autoria e curadoria: Dra. Helena Theodoro
Carnavalesco: Alex de Souza
Concepção: Eduardo Pinto e Marcelo Pires (Diretoria Cultural)
Texto: Paulo Barros

Rocinha apresenta casais e renova com coreógrafo

quinta-feira, 9 de julho de 2020

Dando continuidade aos preparativos para o Carnaval 2021, o Acadêmicos da Rocinha fortalece o seu time e apresenta os casais de Mestre-Sala e Porta-Bandeira que conduzirão os pavilhões da escola e o coreógrafo da Comissão de Frente.

O primeiro pavilhão continuará sendo conduzido por Vinícius Jesus e Viviane Oliveira, que já ocupam o cargo há três anos e dizem estar muito felizes e honrados por mais um ano de parceria na escola de coração. (foto: divulgação)

Na condução do segundo pavilhão, a escola da borboleta escolheu Rodolfo Farias e Suelene Neves. O mestre-sala começou a dançar com 19 anos, faz parte do projeto da Unidos do Viradouro e tem passagens por escolas como Arranco e Engenho da Rainha, já a jovem porta-bandeira iniciou com 11 anos,  foi instrutora do "Padedê do Samba e passou por várias escolas no Sul do País, em 2020 desfilou no Rio de janeiro como segunda Porta-bandeira da Unidos do Jacarezinho.

Já para a comissão de frente, a agremiação renovou com Junior Barbosa. "É com muita alegria que continuarei mais um ano na Rocinha. Estou muito agradecido pela confiança que a nova diretoria está depositando em mim", diz o coreografo.

No próximo dia 09 de julho às 19h na quadra da escola, a direção de carnaval e o carnavalesco apresentarão a sinopse e a explanação do enredo para os compositores interessados em participar da escolha do samba para o Carnaval 2021.

quarta-feira, 8 de julho de 2020

Sossego divulga sinopse para o Carnaval 2021

quarta-feira, 8 de julho de 2020
O Acadêmicos do Sossego divulgou a sinopse do enredo para o Carnaval 2021, "Visões Xamânicas", será desenvolvido pelo carnavalesco André Rodrigues.

Acadêmicos do Sossego - Carnaval 2021
Enredo: VISÕES XAMÂNICAS

JUSTIFICATIVA 

A Acadêmicos do Sossego apresenta para o Carnaval 2021 o enredo “Visões Xamânicas”. Uma saga épica imaginada entre o presente e o futuro.

A humanidade se encontra exatamente onde grandes profecias xamânicas disseram que chegaríamos: no colapso do planeta provocado por um sistema de ambição e consumo. A falta de percepção da relação entre nossas escolhas éticas e a ação do tempo sobre nossas vidas como coletividade nos trouxe a dilemas pelos quais a natureza nos obrigou a enxergar o tempo como dele deve ser.

Durante todo o processo de evolução, buscamos incontrolavelmente dominar e controlar o tempo, otimizando a produção para alimentar insaciável apetite por uma noção vazia de progresso. Mas quem diz quando o tempo termina? Quem diz que produzimos muito em pouco tempo quando não temos esta dimensão de início, meio e fim? Os avanços construídos sobre conquistas territoriais ambiciosas baseadas em mortes de humanos de culturas diferentes conduziu a história global. E foi precisamente essa a visão dos Pajés.

Progredir sem se preocupar com nosso papel em cadeia dentro de um organismo vivo e complexo que é a Terra e com os diferentes seres que habitam o planeta é um ato de egoísmo contra as demais peças do sistema do qual fazemos parte. Fomos impelidos a parar os ponteiros deste organismo. Nós somos a grande doença e, conscientes como a natureza nos permitiu ser (no seu próprio ritmo de tempo), devemos nos transformar na cura.

Ao produzir mais uma vez cultura voltada à preservação dos povos tradicionais e dar voz às suas histórias baseadas em teias de saberes ancestrais de valores atemporais, surgirá um novo carnaval na Acadêmicos do Sossego. Consciente do seu papel cultural e social, a escola do Largo da Batalha fará a cidade cantar melodias de esperança e consciência para seu povo.

A narrativa é livremente inspirada em relatos de David Kopenawa, o grande xamã Yanomami, nos quais relata suas visões sobre passado, presente e futuro da Terra.

Construímos a heroíca jornada de um pajé que, em um grande alinhamento espiritual com os xamãs do mundo inteiro, fará uma pajelança para trazer aos olhos do mundo a cura desta Terra em que vivemos. Por fim, como na canção imortal de Caetano Veloso, “aquilo que se revelará aos povos surpreenderá a todos, não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio”: preservar a natureza, respeitar a sabedoria ancestral e aprender as lições sagradas de povos tradicionais nos conduzirá à construção de um futuro saudável para nossa Terra adoecida.

Um novo dia virá. “Virá que eu vi!”

Autores do Enredo: André Rodrigues e Willian Tadeu

Este enredo é também uma homenagem aos amigos pesquisadores João Gustavo Melo e Diego Araújo que defendem e divulgam para os que  querem ouvir sobre a importância das narrativas dos bumbás de Parintins que ano
após ano transformam um pequeno ponto da amazônia em porta-voz para o mundo conhecer as histórias dos povos tradicionais nativos do Brasil com recorrentes mensagens de preservação da vida indigena e da natureza desta terra que vivemos.

SINOPSE 

Em um clarão de terra entre a imensidão de copas de árvores que cobrem a mata, fumaças se contorcem feito o corpo do pajé. Ecoam os sons da noite que se repetem como cânticos e, entre os cheiros de infusões de ervas, o grande curandeiro viaja a outros planos da consciência atendendo o chamado dos Xapiris, ancestrais que trazem aos seus olhos as sagradas visões xamânicas.

É tempo de sonhar viajando por planos cósmicos para encontrar suas raízes. As folhas, as madeiras, a terra, o som da água, tudo é difuso e surreal até deparar-se com a revelação da terra corroída, o fim dos tempos em pleno estado de acontecimento.

Quando Omana criou o primeiro mundo, este era extremamente frágil e foi soterrado com o próprio céu. Dos escombros desse desabamento fantástico, brotaram nas costas do primeiro céu as formas de vida do nosso mundo em uma Terra mais forte, rígida e duradoura. É sobre este cenário que construímos nossas vidas: lares e estradas, ocas e edifícios, tabas e cidades. E é esse novo mundo que estamos destruindo.

Os olhos cegos de ganância dos homens não-indígenas não conseguem enxergar as fragilidades do nosso planeta e seus habitantes. Seu tempo de sonho é o do consumo, que despreza a sabedoria ancestral e despreza o próprio tempo. O homem, em busca das lascas de antigas estrelas, vive comendo o chão procurando seu brilho. As vigas da eternidade se esburacam e a queda do céu pode acontecer a qualquer momento. A iminência da tragédia espalha o caos por um mundo que adoece, manchado de óleo, revestido de plástico, sufocado pela poluição, manchado pelo sangue dos povos tradicionais. A humanidade criou inventos extraordinários e imaginou futuros fantásticos, mas esqueceu de medir as consequências de suas ambições.

Os Xapiris revelaram que por muito tempo os grandes sábios que se comunicavam com o mundo ancestral puderam alertar a população mundial para nos salvar desse apocalipse que vivemos levando a mensagem de salvação. Passar adiante suas lições para a sobrevivência do planeta foi a grande missão dos pajés. Agora, em sua jornada épica pelo mundo dos sonhos, nosso Xamã evoca um grande alinhamento espiritual entre xamãs de todo mundo. Unam-se os sacerdotes de cura da África e os peles-vermelhas com olhos de águia! Juntem-se os filhos da grande serpente arco-íris e os homens do gelo que ecoam a ancestralidade nas peles brancas feito nuvem! Venham os caboclos de fala direta! Que se faça a grande pajelança universal para que o céu não desabe sobre nossas cabeças! Renasçam como os guerreiros dourados! A floresta brada o grito de salvação para esta gente que não ouve o saber ancestral.

E então, “quilo que se revelará aos povos surpreenderá a todos, não por ser exótico, mas pelo fato de poder ter sempre estado oculto quando terá sido o óbvio” A cura vem da floresta, a dor do mundo cessará quando ouvirem o que eles têm a dizer. A cultura de destruição será suplantada pela harmonia com a natureza e todas as formas de vida. Aos povos tradicionais, seu território. À tecnologia, a energia renovável. O homem devorador de terra renascerá como o grande semeador.

É assim, ouvindo os Xapiris pela fala do pajé, que abraçamos o sonho do amanhã. Não com o delírio utópico de um novo planeta, mas curando este que é o único que temos. De nosso Largo, vamos à batalha! Arcos e flechas, penas e cocares, corpos e almas se levantam pela preservação da natureza e das culturas de milhares de etnias indígenas do Brasil.

Se o silêncio é o próprio apocalipse, devemos entoar cantos de esperança. O respeito à sabedoria é a salvação. Não esperaremos o extermínio da última nação indígena. Na apoteose do êxtase xamânico, “m índio descerá de uma estrela colorida e brilhante” Cada um de nós será índio, pois é índio um pedaço de nós. Somos filhos de uma mesma dor e dos mesmos cantos de amor.

Quem contará as histórias de um mundo que se auto-destrói quando ele não existir
mais?

Um novo dia virá. “irá que eu vi!”

Autores do Enredo: André Rodrigues e Willian Tadeu

Império Serrano define calendário da disputa de samba

quarta-feira, 8 de julho de 2020
A Diretoria do Império Serrano definiu o calendário oficial até a escolha do nossa samba-enredo para o Carnaval 2021, buscando aliar os cuidados e precauções com a atual situação causada pela pandemia à importância de contar com a participação de toda a comunidade no processo de escolha do hino para o próximo Carnaval.

A sinopse será divulgada no dia 07 de setembro, com os sambas sendo apresentados em 24 de outubro e a grande final no dia 20 de novembro, Dia da Consciência Negra, data de extrema importância, principalmente pelo fato do Complexo da Serrinha se tratar de um território de valores e tradições negras.

A modificação do calendário de disputa de samba-enredo tem a finalidade de promover a participação da comunidade. Postergando a data, a escola terá condições de fazer uma avaliação com mais propriedade e segurança num cenário futuro e, caso o quadro causado pela pandemia se mostre ainda inapropriado, a disputa de samba-enredo do Império Serrano poderá ocorrer de forma virtual.

Vigário Geral divulga sinopse do enredo 2021

quarta-feira, 8 de julho de 2020
A escola levará para a Marquês de Sapucaí o enredo PEQUENA ÁFRICA. DA ESCRAVIDÃO AO PERTENCIMENTO, CAMADAS DE MEMÓRIAS ENTRE O MAR E O MORRO, desenvolvido pelos carnavalescos Alexandre Costa, Lino Sales, Marcus do Val.

SINOPSE
"PEQUENA ÁFRICA - DA ESCRAVIDÃO AO PERTENCIMENTO – CAMADAS DE MEMÓRIAS ENTRE O MAR E O MORRO

“O Rio de Janeiro, como a exemplo da maioria das grandes metrópoles, desenvolveu-se a partir do porto. Porta de entrada da cidade, a Zona Portuária desempenhou um papel importante na história da construção da identidade do povo carioca sendo ponto de encontro de diferentes culturas. O porto do Rio de Janeiro localizava-se no Largo do Paço, atual Praça XV, e era por lá que saiam as riquezas das minas e entravam os produtos da metrópole e a carga humana vinda da África. Esse passa a ser o ponto de partida de nossa viagem à Pequena África” *.
Desde que o porto do Rio de Janeiro se tornou o principal porto do país, o tráfico negreiro aumentou consideravelmente e o desembarque dos negros escravizados no principal centro comercial e político do país passou a incomodar as autoridades e os habitantes. Por questões sanitárias e para que a população não visse as péssimas condições nas quais os negros chegavam ao Brasil e além, de claro, da imagem do comércio de escravizados não contribuir na construção da imagem de “cidade europeia” que se pretendia construir, D. Luiz de Almeida Soares Alarcão, o Marquês do Lavradio, ordenou a mudança do desembarque dos negros escravizados para uma região mais afastada e de difícil acesso, o cais do Valongo, localizado na Rua do Valongo, atual Rua Camerino. A concentração das atividades ligadas ao tráfico negreiro na área do Valongo tornaria a região o maior complexo escravagista das Américas.
Essa transferência do local de desembarque dos escravizados foi acompanhada por outras mudanças. Além da construção do Cais do Valongo, um verdadeiro complexo de escravos foi montado na área, como um lazareto (para onde iam os negros enfermos), o Cemitério dos Pretos Novos (destinava-se ao sepultamento dos pretos novos, isto é, dos escravos que morriam após a entrada dos navios na Baia de Guanabara ou imediatamente após o desembarque, antes de serem vendidos) e os armazéns de venda e engorda dos negros escravizados.
O desembarque de negros escravizados no Cais do Valongo durou até 1831, quando o comércio negreiro passou a ser ilegal. Com isso o desembarque de escravizados passou a ser feito de maneira clandestina em praias isoladas. O fim do comércio negreiro na área do Valongo e o aumento da produção de café no Vale do Paraíba fluminense transformaram os antigos trapiches de africanos do Valongo em trapiches de café.
A triste memória do Cais do Valongo seria apagada em 1843 com a transformação do antigo cais de desembarque de africanos no Cais da Imperatriz, preparado para receber a futura esposa do Imperador D. Pedro II, a princesa das Duas Sicílias, Tereza Cristina Maria de Bourbon.
Com a proibição definitiva do tráfico humano em 1850, a Zona Portuária passa a ter uma grande oferta de mão de trabalho, atraindo pessoas de várias regiões. Vários negros libertos vieram da Bahia em busca desse trabalho e se instalaram na Pedra do Sal e nas imediações do Morro da Conceição, iniciando o que seria conhecido mais tarde como Diáspora Baiana.
A grande concentração de negros na Zona Portuária garantiu a ascensão da Cultura africana, por meio dos Centros de Candomblé, como o terreiro do pai-de-santo João Alabá de Omulu e das casas das tias baianas Ciata, Bebiana e Perciliana que serviam de ponto de encontro para os moradores da região.
Mesmo liberto, o negro só conseguiu construir seu espaço na sociedade através de seu próprio e incansável esforço e foi na construção desse espaço que eles a alteraram a vida na cidade, tornando o Rio um importante polo de produção e inovação cultural.
No final do século XIX, a região da Pedra do Sal ficou conhecida como local de chegada, recepção e ajuda de migrantes, em sua maioria negros. Essa concentração da população negra nas imediações do porto com seus trabalhadores, vendedores de rua, músicos, capoeiras e terreiros de candomblé, levaria Heitor dos Prazeres, anos mais tarde, a batizar a área de Pequena África.
Os negros que ali passaram a habitar começaram sua vida nesse novo local formando agremiações ou participando de atividades coletivas de trabalho, culto ou lazer, criando um importante polo de irradiação e de recriação de culturas africanas nas proximidades da Praça XI. E foi assim que, no começo da República, surgiram os primeiros ranchos carnavalescos na cidade. A Praça XI foi considerada capital da Pequena África até 1941, quando as obras na Avenida Presidente Vargas se iniciaram. Esse desmembramento do polo de cultura africana levou Pixinguinha, Donga e João da Baiana para a Pedra do Sal.
As Casas das Tias Baianas eram locais onde os trabalhadores portuários descansavam, faziam refeições e participavam de rodas de samba. Foram nesses locais que se formaram associações políticas e culturais, como o Afoxé Filhos de Gandhi do Rio de Janeiro em 1951.
A região portuária também é berço da Sociedade de Resistência dos Trabalhadores de Trapiche e Café, considerada a primeira organização sindical livre de trabalhadores do Brasil, que é a origem do atual Sindicato dos Estivadores. Pode-se dizer que uma das mais tradicionais escolas de samba do Rio de Janeiro, o GRES Império Serrano, nasceu na região da Pequena África, pois a maioria de seus fundadores era do Sindicato dos Estivadores.
Após essa História, é inegável o reconhecimento da importância histórica e cultural de toda a região conhecida como Pequena África, desde a região do porto à Cidade Nova, porém, a memória dessa História foi diversas vezes soterrada e despejada em nome da modernidade.
O Cais do Valongo e a memória de negros escravizados desembarcarcados em condições subumanas foram apagados com a construção do Cais da Imperatriz, que por sua vez foi soterrado no início da Republica, junto com a memória do Império naquele local, pelas obras de Pereira Passos na construção do Novo Porto. Por fim, em 2011, o então Prefeito da cidade do Rio de Janeiro, Eduardo Paes coordenou todo um projeto de revitalização da cidade por ocasião dos Jogos Olímpicos e da Copa do Mundo. Revitalização essa que trouxe à tona as camadas da História da chegada dos africanos. Em 2017 o Cais do Valongo recebeu o título de Patrimônio Histórico da Humanidade pela UNESCO, por ser o único vestígio material da chegada dos africanos escravizados nas Américas.
A Pedra do sal, batizada inicialmente como Pedra da Prainha, que era apenas uma barreira natural que separava o Centro do subúrbio, foi moradia dos negros que trabalham no desembarque de novos escravizados. E com o fim da escravidão marcou-se como moradia de trabalhadores da estiva e de moradores despejados da Praça XI, após o início das obras de expansão da Avenida Presidente Vargas e juntos, esses moradores recriaram Instituições que não puderam ser trazidas pelos seus antepassados nos navios negreiros, como o culto a seus Orixás. E entre seus atabaques e danças deram uma marca cultural não só a cidade do Rio de Janeiro, mas a todo o país: o Samba. Por todo esse histórico, a Pedra do Sal, localizada na base do Morro da Conceição, pela sua importância na cultura afro-carioca, em 1984, foi tombada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural. O local possui muitas medidas governamentais de proteção de seu território, mas que não têm sido suficientes para garantir sua preservação. Mesmo com a indicação do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade (IRPH) para incluir a Pedra do Sal como Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Povo Carioca em 2018, o local sofre com o abandono administrativo da atual prefeitura carioca. Desde a falta de simples bancos até má conservação das estruturas. Esse abandono e falta de apoio a esse símbolo da reestruturação e resistência da cultura afro-brasileira no período pós-abolição resultou na sua interdição pela própria Prefeitura no final de 2019.
No Carnaval de 2021 o G.R.E.S. Acadêmicos de Vigário Geral vem exaltar e dar o mérito a região da Pequena África e toda sua população, reconhecer seu valor geográfico, urbano e artístico, enaltecendo suas raízes e seu pertencimento histórico-cultural, agradecendo por terem feito e por fazerem parte da nossa história.
* Texto retirado do Documentário “Pequena África – Sobrevivência, Resistência e Identidade”.

Carnavalescos:
Alexandre Costa Pereira
Lino Sales
Marcus do Val

Fontes de Pesquisa:
Silex Digital: Documentário “Pequena África – Sobrevivência, Resistência e Identidade”;
Coleção Terras de Quilombo: Comunidade Quilombola Pedra do Sal;
Monografia “Camadas de Memória Entre o Mar e o Morro: Da Pequena África ao Porto Maravilha” de Júlia Vilhena Rodrigues.

Tradição renova com coreógrafo da comissão de frente para 2021

quarta-feira, 8 de julho de 2020
A Tradição acaba de anunciar a renovação do coreógrafo Akia de Almeida, que comandará a comissão de frente no desfile da Marquês de Sapucaí no Carnaval de 2021. Com ampla experiência no samba, Akia ficou satisfeito por continuar seu trabalho na azul e branco de Campinho, acrescentando que trabalhará para levar uma super produção no próximo desfile.

Coreógrafo Akia de Almeida permanece na Tradição para mais um carnaval (foto divulgação)

"Fico feliz com o convite da presidente Raphaela Nascimento em continuar à frente do trabalho coreográfico e artístico da comissão de frente da Tradição para o próximo Carnaval. Acredito que o resultado dos meus trabalhos no Carnaval 2020 foi muito bom e produtivo, pois além da direção da Tradição poder acompanhar de perto como eu e minha equipe desenvolvemos o trabalho, o mesmo contribuiu para que a escola pudesse chegar ao título. Aceitei de pronto e já estamos trabalhando para levar para a Avenida uma super apresentação de acordo com a grandeza do espetáculo e da agremiação", salientou o coreógrafo.

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Live do Carnaval de Niterói. Bela inciativa, mas com pouca valorização das nossas Escolas


segunda-feira, 6 de julho de 2020
Aguardada com grande expectativa pelos sambistas niteroienses, a 1ª Live Solidária do Carnaval de Niterói, realizada em um bar do Centro de Niterói, e transmitida pela internet, no último domingo, 5 de julho, mostrou um bom nível técnico, com imagens de qualidade e boa estrutura. 

De forma geral as agremiações fizeram boas apresentações. Destaque também para a bateria que acompanhou os intérpretes, formada por mestres das escolas de Niterói, entre eles Felipe Bruno (da Sabiá), Vini Lemos (do Paraíso da Bonfim), Ruan Pontes (do Experimenta da Ilha), Glauco Vieira (ex-mestre de bateria da Sabiá), Renan Farias (diretor da Sabiá) e Alessandro Lobato, o Pará, ritmista do Acadêmicos do Cubango.

Participaram da 'live', 18 das 31 agremiações que participam dos desfile oficiais da Rua da Conceição, nove escolas do Grupo A, a elite do carnaval niteroiense, sete do Grupo B, e a campeã e vice do Grupo C. 

Cada agremiação teve a oportunidade de cantar dois sambas, mas infelizmente nem todas apresentaram composições próprias, optando por também cantarem sambas de co-irmãs do Rio de Janeiro. Louvável a opção de algumas escolas em cantar apenas sambas próprios, como foi o caso do Bafo do Tigre, Bem Amado, Combinado do Amor, Banda Batistão, Sabiá, Alegria da Zona Norte, Mocidade Independente de Icaraí, Experimenta da Ilha, Unidos da Região Oceânica, Folia do Viradouro, unica escola que cantou 3 sambas (um do Rio), e a campeã de 2020, Magnólia Brasil. Nada contra as escolas que optaram por cantarem sambas do Rio, todos muito bons, mas perderam ótima oportunidade de valorizarem suas alas de compositores e mostrarem a riqueza musical do carnaval de Niterói.

Apesar da boa estrutura da transmissão, a 'live' deixou a impressão de que faltou um pouco mais de capricho na produção. Ficou claro que o apresentador, o experiente Vanderlei Borges, locutor oficial da Marquês de Sapucaí, não tinha conhecimento sobre as escolas que desfilam na Rua da Conceição, e pouco interagiu, se limitando a convidar o cantor e falar o nome da escola. Faltou dados sobre as escolas, mesmo que brevemente, poderia ter abordado a história de cada uma, informado seus bairros de origem, suas comunidades, que grupo desfilaram, classificação conquistada, enfim, faltou um pouco de pesquisa sobre aquelas que constroem a história do nosso carnaval, uma história tão rica, mas que não foi contada na 'live'.

Dessa forma, internautas de outras cidades, que não acompanham o carnaval de Niterói, poderiam ter conhecido um pouco da tradição das nossas escolas, evitando comentários como o que foi publicado durante a 'live', "que só tinha escola pequena". 

A produção do evento poderia, por exemplo, ter editado pequenos vídeos de apresentação de cada escola, recurso utilizado em outras 'lives' do gênero. Apenas a Campeã Magnólia Brasil, e a Folia do Viradouro produziram esses 'vídeos de apresentação, mas com som muito baixo que prejudicou o entendimento do conteúdo.

Tanto os vídeos, quanto às informações das fichas técnicas das escolas, antes das suas apresentações, faria com que aquele internauta das "escolas pequenas", e outros que ainda assistirão a 'live', que certamente ficará disponível no youtube, percebam que ali estavam, por exemplo, a Combinado do Amor, uma das mais antigas escolas de samba do Brasil, que inclusive já desfilou no Rio, entre as grandes agremiações de lá, a Sabiá, primeira campeã de Niterói, e uma das grandes vencedoras dos desfiles locais, a Souza Soares, tradicionalíssima agremiação de hinos antológicos, a Mocidade Independente de Icaraí, tetracampeã depois da volta dos desfiles, a Folia do Viradouro, Unidos da Região Oceânica e Magnólia Brasil, que ano a ano se consolidam como grandes agremiações da cidade. Enfim, os sambistas niteroienses perderam uma grande chance de mostrarem sua história e tradição.

De toda forma foi uma bela, e necessária, iniciativa dos sambistas niteroienses que lutam pela afirmação dos desfiles da cidade. Que venham outras, e que o Carnaval de Niterói e as Escolas de Samba que aqui desfilam, possam receber a devida valorização e reconhecimento.

sexta-feira, 3 de julho de 2020

Xande de Pilares grava samba da Vigário Geral ao lado de Tem-Tem Jr.

sexta-feira, 3 de julho de 2020
Para o próximo carnaval, o samba-enredo oficial da Vigário Geral contará com uma participação mais do que especial. Xande de Pilares dará voz a obra, ao lado do intérprete Tem-Tem Jr. A escola realizou a gravação do hino que embalará o enredo "Pequena África: da Escravidão ao Pertencimento - Camadas de Memórias entre o Mar e o Morro".

Xande é muito ligado às escolas de samba e já participou de diversas gravações e disputas de samba, onde é compositor. Na avenida já fez parte do carro de som do Salgueiro e com toda sua experiência exaltou a obra da escola para o próximo desfile. "Um sambão digno de prêmios e muitos elogios. Fico muito feliz pelo convite do Intérprete Tem-tem Jr., um garoto que eu tanto admiro e sem dúvidas é um talento incrível para o nosso carnaval, quando o convite veio dele eu aceitei na hora, e digo mais vou desfilar ao lado dele na Sapucaí no desfile da Vigário Geral", revelou o cantor.

Emocionado com o momento, convite do intérprete Tem-tem Jr. foi por ter Xande como uma de suas maiores referências."Um artista completo, humilde e que sempre me tratou com maior carinho. Agradeço a ele e a minha escola por me permitir viver esse momento tão importante em minha vida, Vigário vem com um sambão pra eternizar os corações dos sambistas", revelou a voz oficial da escola.

O hino que vai embalar a escola no próximo ano será composto por Junior Fionda, Luiz Carlos d’Avenida, Luiz Pião, Fagundinho, Robert Farrow, Gigi da Estiva, Domenil, Romeu, Fadico, Silvana, Felipe Revelação, Rodrigo Shumack, Marcelinho e Carlinhos Ousadia.
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