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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Desfile da Viradouro não arrepiou


Ninguém tem dúvida do talento de Paulo Barros, já que, quando ainda era carnavalesco da Paraíso do Tuiuti do grupo de acesso, fez um extraordinário carnaval sobre o pintor Portinari. Naquela oportunidade Paulo Barros inovou no carnaval trazendo para a avenida carros alegóricos humanizados.

Este ano Paulo Barros resolveu levar para a avenida, como enredo da Viradouro, o tema “Arrepio”, e acho que esse foi o grande problema, para que a escola de Niterói não tivesse um bom rendimento perante os jurados. Paulo Barros não conseguiu materializar o tema em enredo de escola de samba. Para qualquer assunto virar enredo ele precisa ter elementos constitutivos que o faça ter sentido de uma história. Esses elementos são os seguintes: situação inicial onde os personagens e o espaço são apresentados; quebra da situação inicial, quando um acontecimento modifica a situação apresentada; estabelecimento de um conflito, quando surge uma situação a ser resolvida que quebra a estabilidade de personagens e acontecimentos; desenvolvimento, quando se busca a solução do conflito; clímax, o ponto de maior tensão da narrativa de um enredo e o epílogo quando ocorre o desfecho da história constituída.

Portanto quando alguém se propõe fazer um enredo, tem que, necessariamente, organizá-lo de alguma forma, no sentido de dar a ele um caráter narrativo histórico. Por isso, embora Paulo Barros tenha em alguns momentos do seu desfile, arrepiado a platéia com carros alegóricos visivelmente impactantes, seu enredo em si não conseguiu arrepiar como era seu objetivo.

Um outro problema encontrado no carnaval apresentado por Paulo Barros na Viradouro foi a falta de sentido carnavalesco em algumas alegorias. Uma pista de esqui pode estar em qualquer lugar, mas para se fazer representar num desfile de escola de samba tem de estar carnavalizada. A alegoria de uma criança sangüentada na avenida pode ser algo arrepiante, mas seria carnavalesco?

Acho que o carnaval idealizado por Paulo Barros este ano na Viradouro deixa uma lição para os carnavalescos: não basta serem apenas criativos, a criatividade deve estar aliada a um sentido histórico e principalmente a um espírito carnavalesco.
Professor Mariano
É professor de História, comentarista e pesquisador das escolas de samba do Rio de Janeiro
fotos: Alegorias do G.R.E.S. Unidos do Viradouro Carnaval 2008
AF Rodrigues (disponíveis no site da Prefeitura do Rio de Janeiro: www.rio.rj.gov.br)
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