Em meados da década de 70, Jorge Amado participou do carnaval de Niterói como julgador. Diante da qualidade dos desfiles que as agremiações da cidade proporcionaram o escritor baiano declarou: “O carnaval de Niterói é o segundo melhor do país”. E o que parecia impossível aconteceu. O carnaval que encantava a população da cidade e quem a visitava acabou.
O segundo melhor carnaval do país passou então a ser o da terra de Jorge Amado.
Poderíamos apontar vários motivos que decretaram o fim dos desfiles das escolas de samba em Niterói, mas um, com certeza foi determinante, a política que se instalou na cidade e que pouco, ou nenhum valor deu às suas manifestações culturais populares. Vimos a construção do Museu da Arte Contemporânea, a reforma do Theatro Municipal e uma série de obras de infra-estrutura que, de fato deram visibilidade à cidade no cenário nacional, porém nenhum investimento no carnaval. Vimos nossas principais agremiações atravessarem a ponte para disputarem o carnaval carioca, vimos nossos foliões, que antes lotavam as ruas Amaral Peixoto e Conceição viajarem para cidades vizinhas e até para a Bahia, deixando nossa Niterói às moscas durante o carnaval por uma década.
Porém os sambistas da cidade clamavam pelo retorno do nosso carnaval e liderados por dois ícones dos antigos carnavais da cidade, Ito Machado (presidente da Viradouro quando a vermelho e branco desfilava na Amaral Peixoto) e Ney Ferreira (fundador da Cubango e também presidente da escola nos tempos da Amaral Peixoto), reuniram vários sambistas da cidade e com apoio de vereadores e poder público iniciaram o processo de revitalização do carnaval em 2004.
Várias agremiações apostaram no sonho do retorno da festa e cruzaram, ainda que sem disputa, a Rua da Conceição, a mesma rua onde em 1946 ocorreu o primeiro desfile oficial de escolas de samba na cidade. Em 2005, já com a União das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Niterói fundada, organizam a volta dos desfiles de competição na rua da Conceição com quatro escolas de samba. Como já era esperado o processo evoluiu, o povo que lotou a passarela de desfiles e as autoridades municipais, que deram o apoio de infra-estrutura com montagem de arquibancadas e banheiros químicos, voltaram a acreditar no potencial do carnaval de Niterói e neste ano já com oito escolas de samba e dezesseis blocos carnavalescos vimos na Rua da Conceição uma verdadeira festa.
Sabemos que ainda há o que evoluir, mas tivemos provas suficientes do potencial da cidade e de seu povo em transformarem o carnaval de Niterói novamente no “segundo melhor carnaval do país”.
Luiz Eugenio
É jornalista e pesquisador do Carnaval de Niterói.
Foto:
A ornamentação da Rua da Conceição em 2004.
Disponível em: victorfrank.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
Sabemos que ainda há o que evoluir, mas tivemos provas suficientes do potencial da cidade e de seu povo em transformarem o carnaval de Niterói novamente no “segundo melhor carnaval do país”.
Luiz Eugenio
É jornalista e pesquisador do Carnaval de Niterói.
Foto:
A ornamentação da Rua da Conceição em 2004.
Disponível em: victorfrank.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
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