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quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A volta do segundo carnaval do país


Em meados da década de 70, Jorge Amado participou do carnaval de Niterói como julgador. Diante da qualidade dos desfiles que as agremiações da cidade proporcionaram o escritor baiano declarou: “O carnaval de Niterói é o segundo melhor do país”. E o que parecia impossível aconteceu. O carnaval que encantava a população da cidade e quem a visitava acabou.

O segundo melhor carnaval do país passou então a ser o da terra de Jorge Amado.

Poderíamos apontar vários motivos que decretaram o fim dos desfiles das escolas de samba em Niterói, mas um, com certeza foi determinante, a política que se instalou na cidade e que pouco, ou nenhum valor deu às suas manifestações culturais populares. Vimos a construção do Museu da Arte Contemporânea, a reforma do Theatro Municipal e uma série de obras de infra-estrutura que, de fato deram visibilidade à cidade no cenário nacional, porém nenhum investimento no carnaval. Vimos nossas principais agremiações atravessarem a ponte para disputarem o carnaval carioca, vimos nossos foliões, que antes lotavam as ruas Amaral Peixoto e Conceição viajarem para cidades vizinhas e até para a Bahia, deixando nossa Niterói às moscas durante o carnaval por uma década.

Porém os sambistas da cidade clamavam pelo retorno do nosso carnaval e liderados por dois ícones dos antigos carnavais da cidade, Ito Machado (presidente da Viradouro quando a vermelho e branco desfilava na Amaral Peixoto) e Ney Ferreira (fundador da Cubango e também presidente da escola nos tempos da Amaral Peixoto), reuniram vários sambistas da cidade e com apoio de vereadores e poder público iniciaram o processo de revitalização do carnaval em 2004.

Várias agremiações apostaram no sonho do retorno da festa e cruzaram, ainda que sem disputa, a Rua da Conceição, a mesma rua onde em 1946 ocorreu o primeiro desfile oficial de escolas de samba na cidade. Em 2005, já com a União das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Niterói fundada, organizam a volta dos desfiles de competição na rua da Conceição com quatro escolas de samba. Como já era esperado o processo evoluiu, o povo que lotou a passarela de desfiles e as autoridades municipais, que deram o apoio de infra-estrutura com montagem de arquibancadas e banheiros químicos, voltaram a acreditar no potencial do carnaval de Niterói e neste ano já com oito escolas de samba e dezesseis blocos carnavalescos vimos na Rua da Conceição uma verdadeira festa.
Sabemos que ainda há o que evoluir, mas tivemos provas suficientes do potencial da cidade e de seu povo em transformarem o carnaval de Niterói novamente no “segundo melhor carnaval do país”.

Luiz Eugenio
É jornalista e pesquisador do Carnaval de Niterói.

Foto:
A ornamentação da Rua da Conceição em 2004.
Disponível em: victorfrank.blogspot.com/2007_04_01_archive.html
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