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sábado, 16 de fevereiro de 2008

Precisamos discutir os rumos do carnaval carioca

Ao ver o rendimento muito ruim dos desfiles realizados pelas escolas dos grupos de acesso este ano na avenida, fico pensando se já não está passando da hora dos sambistas discutirem os rumos do carnaval carioca. Será que o carnaval do Rio de Janeiro vai se resumir aos títulos da Beija-Flor de Nilópolis e dos blocos patrocinados da zona sul? Será que os sambistas não estão preocupados com a situação de grandes escolas de samba do carnaval carioca como a “Em Cima da Hora” e “Canários das Laranjeiras” que estão quase enrolando suas bandeiras?

Estas e outras perguntas precisam ser respondidas e discutidas se quisermos continuar a fazer carnaval popular e democrático.

Uma vez o mundo da sociologia disse que o Brasil era uma “Belíndia”, uma mistura rica da Bélgica com a parte pobre e miserável da Índia. Podemos reproduzir tal metáfora na situação atual do carnaval carioca, onde milhões são alocados nas escolas do grupo especial, enquanto as escolas do grupo de acesso nem barracão decente têm para realizar suas utopias carnavalescas, e acabam realizando apresentações abaixo da crítica.

Apresento como sugestão para que estas escolas tentem sair desta situação, uma tomada de posição política, e aí quando falo em posição política, não é se aliar ao poder público ou tendências políticas, é mais que isso, é trazer pautas de reivindicações para estas esferas, questiona-las.
Acho que a realização em breve de um congresso das escolas de samba do grupo de acesso, serviria para dar um pontapé inicial nesta discussão.

Como sambista e comentarista do programa “Na Cadência da Bateria” / Rádio RCA, me preocupa muito a situação atual das escolas dos grupos de acesso, pois não podemos ter a ilusão de que o grupo especial contemplaria hoje, no seu estado de organização, metade destas escolas. Temos que buscar o desenvolvimento destes grupos, fazer com que eles, dentro de suas limitações e singularidades possam realizar utopias carnavalescas tão fascinantes quanto as do grupo especial.

Sambistas dos grupos de acesso se unam em torno de um questionamento da atual situação do carnaval carioca, caso contrário vocês serão, em breve, os ranchos de ontem, que foram banidos da história do carnaval quando algumas escolas de samba viraram cinderelas,

Professor Mariano
É professor de História, comentarista e pesquisador das escolas de samba do Rio de Janeiro
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