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domingo, 16 de abril de 2017

Sambistas insatisfeitos com atual modelo de disputa do carnaval de Niterói

Boatos sobre criação de uma nova Liga na cidade foi confirmado

O resultado do Carnaval 2017 ainda repercute nos bastidores das escolas de samba de Niterói. Algumas agremiações já declararam publicamente sua indignação em perfis sociais. Entre os motivos da insatisfação de presidentes e dirigentes dessas escolas estão os critérios técnicos de avaliação dos desfiles; a falta de apoio jurídico e contábil às filiadas; a ausência de publicidade e marketing do carnaval; e a não prestação de contas da doação dos 5% das agremiações à entidade que atualmente organiza os desfiles oficiais na cidade.

A reportagem da Cadência da Bateria conversou com alguns desses presidentes para falar sobre o momento do carnaval da cidade. Revitalizado há pouco mais de 10 anos o atual modelo de disputa já não é mais uma unanimidade entre os sambistas.

Um dos mais insatisfeitos é Chaynne Azevedo, presidente da Alegria da Zona Norte, agremiação punida com 3,5 pontos por ter estourado o tempo de desfile. Para o presidente, a falta de transparência tem comprometido os desfiles da Rua da Conceição. "O carnaval necessita de renovação. Falta credibilidade quanto à transparência nas ações da entidade organizadora do carnaval. Neste carnaval fizemos um desfile digno, mas fomos prejudicados por um erro de cronometragem. A Uesbcn alegou que estouramos o tempo em 7 minutos e meu diretor de carnaval informou que desfilamos em 40 minutos. E aí, quem está certo? Tudo isso poderia ter sido evitado se fossem instalados cronômetros na avenida, como acontece em todas as praças que realizam desfiles carnavalescos no país", questionou Chaynne.

O presidente da Alegria da Zona Norte explicou ainda que seguiu fielmente o regulamento, mas algo funcionou errado na avenida. "A escola anterior à nossa, estava terminando de desfilar e já tocou a primeira sirene. Dois minutos e quarenta segundos depois tocou o sinal da segunda sirene. O regulamento fala que o intervalo entre uma sirene e outra deveria ter cinco minutos. Eu tenho um vídeo gravado que comprova esta contagem. Isso desmotiva nossa escola, nossa comunidade. Nosso enredo era de temática infantil, então tinha muita criança envolvida. Foi triste ver as crianças da comunidade chorando no dia da apuração. Eu falo em nome da Alegria, mas posso garantir que o número de agremiações insatisfeitas é muito grande", revelou o presidente da Alegria da Zona Norte.

A criação de um grupo de avaliação também causou indignação à Comunidade do Morro do Castro. Segundo o presidente Gil, da Unidos do Castro, essa classificação de "Avaliação", causou sérios transtornos à escola. "Somos fundadores da Uesbcn (União das Escolas de Samba e Blocos Carnavalescos de Niterói). Começamos como bloco, subimos de grupo, chegamos à Escola de Samba, e em 2017 nos colocaram nesse Grupo de Avaliação. Que critério é esse? Relutei em participar deste grupo, inclusive com apoio de vários presidentes, mas meu pleito foi descartado de forma ditatorial", disse o presidente do Castro. Segundo Gil, no início as escolas formariam o Grupo B (antigo Grupo Especial de Enredo, compatível com o 3º Grupo. "Primeiro falaram que as três últimas do Grupo B seriam cortadas. Mas separaram as escolas e formaram o Grupo de Avaliação. Depois falaram que a subvenção seria a mesma para o Grupo B e Avaliação, o que também não aconteceu. Esse transtorno me deixou mal perante minha comunidade e componentes", esclareceu Gil.

Também preocupada com a comunidade está a presidente Inês Brandão, do Unidos do Sacramento. Pentacampeã do carnaval de São Gonçalo, já participou dos desfiles da Intendente Magalhães e há sete anos desfile no carnaval niteroiense. Apesar de fazer boas apresentações a vermelho e branco não conquista boas classificações. "Sempre sofro críticas da minha comunidade pelo fato de desfilar em Niterói. Eles me dizem que não adianta, que em Niterói nós nunca teremos chance. Se fizermos um desfile de campeão, eles nos jogam em terceiro. Se fizermos um carnaval para ficar em terceiro eles nos jogam em sexto, como aconteceu esse ano. Fiquei muito triste. Espero que isso mude, até porque isso não acontece só com a Sacramento. Todas as escolas de São Gonçalo que participam dos desfiles da Rua da Conceição sofrem a mesma perseguição. Queremos ser respeitadas", desabafou Inês, presidente do Sacramento.

O presidente do Combinado do Amor, Carlos Xororó lamentou o ponto que o carnaval de Niterói chegou. "É até complicado avaliar um carnaval onde existe interferência no resultado. E não falo somente pelo carnaval de 2017. Isso vem de muito tempo, mas ficou latente neste ano, gerando insatisfação em pelo menos 21 escolas que desfilam na Rua da Conceição. Jurados que ninguém sabe quem são e não conhecem a realidade das agremiações da cidade", reclamou Xororó.

Outras agremiações também foram procuras pela reportagem da Cadência e se manifestaram contra o atual modelo de disputa do carnaval de Niterói. "Caso não haja uma mudança na organização dos desfiles, minha escola vai enrolar a bandeira ainda em 2017", disse um presidente de uma escola de samba do Grupo Principal que preferiu não se identificar.

Mudanças - Sobre boatos que circulam nos bastidores do samba niteroiense de que uma nova Liga estaria sendo formada, Xororó confirmou que há um movimento favorável à fundação de um Liga para gerir o carnaval em substituição a atual. "Há sim um movimento para criação de uma nova Liga. Como falei a indignação após o Carnaval de 2017 gerou muita discussão nos bastidores e conversas sobre uma dissidência ganhou força na cidade. Vários presidentes de agremiações e alguns profissionais ligados ao carnaval da cidade tem se reunido para avaliar a possibilidade de uma nova Liga. Em breve esse grupo vai decidir que caminhos traçar. Fato é, o carnaval que queremos deve ser sério, transparente e organizado por sambistas", concluiu Xororó.

Revitalização - O desfile das Escolas de Samba de Niterói voltou a ser disputado em 2006, após 20 anos de inatividade. A expectativa era que a cidade voltasse a ter o 2º Melhor Carnaval do Brasil, mas o fato é que não houve uma evolução do evento. Os desfiles continuam na espremida Rua da Conceição, com estrutura tímida, e sem perspectiva de melhora. Não foi pensado um projeto de carnaval mais amplo que permitisse seu desenvolvimento do ponto de vista sócio-cultural.

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Um comentário:

  1. Concordo com a Inês , eu acho que eles deveriam analisar certamente os desfiles, somos de São Gonçalo e nem por isso deixamos de fazer um bom Carnaval.

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