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segunda-feira, 10 de abril de 2017

Pesquisador analisa os absurdos do carnaval carioca em 2017.

Na semana em que a Liesa homologou a divisão do titulo do Carnaval 2017 entre Portela e Mocidade, a Cadência da Bateria, recebeu do pesquisador de carnaval André Gustavo um artigo sobre o assunto. André vê ainda outros absurdos nas decisões da Liga que mancharam o último carnaval. Confira.
Um título que é a cara da LIESA: sem brilho, sem graça e sem sentido!
por André Gustavo em 10 de abril de 2017

Mocidade também comemora o título de 2017
foto: Eduardo Holanda (Imprensa Mocidade)

A falta de comprometimento, de profissionalismo e de seriedade no carnaval do Rio de Janeiro está chegando a níveis insuportáveis. A despeito da beleza e encanto com que o chamado maior espetáculo da terra tem atraído anualmente um número cada vez maior de espectadores para a avenida, aliado aos bambas, aficionados por carnaval e escola de samba que mesmo diante dessa triste realidade se mantém fiéis seguidores e público cativo de tudo que diz respeito ao assunto.

Não bastasse a absurda decisão de não punir as escolas que cometeram erros que causaram dolo e colocaram em risco a vida de componentes e profissionais durante o desfile desse ano, com multa e rebaixamento, o resultado da apuração mostrou-se constrangedor ao pontuar com notas altas uma escola que não desfilou fazendo-a terminar na frente de outras que fizeram um desfile no mínimo correto. Havendo ou não rebaixamento o não desfile da Unidos da Tijuca merecia no mínimo a última colocação do desfile para que houvesse o mínimo de coerência.

Quando pesávamos que o show de horrores do carnaval de 2017 havia acabado vieram as justificativas dos jurados onde fomos brindados com a pérola de que a Mocidade Independente de Padre Miguel sofrera uma punição pela falta de um destaque que não existia. Erro absurdo que merecia no mínimo a exclusão definitiva do distraído jurado e um pronunciamento público da Liga explicando o mal entendido e se desculpando por sua incompetência na escolha e treinamento dos julgadores.

Mas a coisa só piora. E somos surpreendidos dias depois com a divisão do título do carnaval de 2017, vencido oficialmente pela Portela e no tapetão pela Mocidade. Um final sem sentido para um enredo sem pé nem cabeça, cuja autoria tem nome e endereço Liesa. É vergonhosa a maneira como essa liga e seu presidente com cara de nerd e alma de bicho conduzem a (des)organização dos desfiles, dentro de uma visão empresarial, pondo o lucro acima de tudo, numa logica de julgamento meritocrática e elitista mas tudo de forma completamente incompetente, obscura e autoritária ao extremo.

É inconcebível que o mundo do samba considere razoável essa divisão de título, a despeito da Mocidade ter feito um baita desfile e se fosse a campeã no dia do julgamento, acredito que seria inquestionável. O nível dos desfiles não foi lá essas coisas esse ano. Algumas poucas se destacaram pela criatividade caso da Mocidade, pelo luxo possível, caso do Salgueiro, pela garra, caso da Mangueira e pela tradição e correção técnica do desfile, caso da campeã Portela. Depois de toda aquela comemoração pelo fim do jejum e o reconhecimento entre seus pares, bem como pelo mundo do samba, pelo merecidíssimo título da azul e branca que fez Madureira de novo sambar, essa decisão equivocada e sem precedentes de conceder o título a uma escola meses após o julgamento, foi um banho de agua fria nos portelenses e um desrespeito sem tamanho para aqueles que amam e acompanham o espetáculo integralmente.

Para além disso, fica no ar um questionamento. A Mocidade, até então, se mostrava a única escola a destoar do conjunto que bajula, enaltece e prestigia a atual direção da Liesa. A ponto de ter sido a única escola a discordar da proposta de não rebaixamento feita pela diretoria da Unidos da Tijuca e acatada prontamente por todas as demais coirmãs. Será que rolou um acordo e o título fora de época foi uma espécie de “cala boca”, uma chamada a fumar o cachimbo da paz e a chafurdar na mediocridade em que todos decidiram mergulhar juntos? É só uma pergunta. Mas a treta está lançada.
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ANDRÉ GUSTAVO é pesquisador e apaixonado por samba e carnaval, a despeito de tudo!


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