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quarta-feira, 5 de setembro de 2018

Imperatriz cumpriu seu papel

por Professor Mariano | em 5 de setembro de 2018
O triste acontecimento do incêndio no Museu Nacional ocorrido no último domingo me fez lembrar, do majestoso desfile feito pela nossa querida Imperatriz Leopoldinense, uma das escolas de samba mais tradicionais do carnaval carioca. Seu enredo deste ano foi justamente uma homenagem ao bicentenário do Museu Nacional. 


Carnaval Rio 2018 – Desfile na Sapucaí – Imperatriz Leopoldinense – Grupo Especial – Paulo Portilho | Riotur

A abertura do desfile do enredo ‘’Uma Noite no Museu’’ desenvolvido pelo carnavalesco Cahê Rodrigues foi arrebatador. Trazia uma comissão de frente de pássaros, candelabros e, o casal Dom João VI e Dona Maria, idealizadores do museu. Quem representava Dom João e Dona Maria era nada mais, nada menos, que os ícones da dança de mestre sala e porta bandeira do carnaval carioca. Chiquinho e Maria Helena. Com a aparição dos dois a coreógrafa da Imperatriz Claudia Mota, unia a história da Imperatriz, com a do museu Nacional e, transformava o desfile de sua escola num museu ambulante. Fantástico! As duas concepções de museus, a clássica e a popular estavam ali juntas para emocionar uma plateia já cansada. A Imperatriz foi à penúltima desfilar na segunda de carnaval. Os pássaros estavam ali na coreografia, pois o museu Nacional nasceu de uma casa de pássaros construída por Dona Maria. E os candelabros mostravam a exuberância da família real. 

Assim seguiu o cortejo da Imperatriz pela passarela Darcy Ribeiro, embalada por uma bateria que arrasou, com bossas retrô e um samba bonito que cresceu e foi valente na avenida. 

Mas a Imperatriz não emocionou o “competentíssimo” corpo de jurados da Liesa. A Imperatriz foi apenas à oitava colocada, nem sequer desfilou no sábado das campeãs. Não quero entrar no mérito se o jurado julgou certo ou não. Para mim pouco me importa a opinião técnica, quando, o assunto é arte e cultura. O que vale muito mais é à mensagem e emoção passada pelos artistas e sua cultura. Mas o oitavo lugar da Imperatriz dado por pessoas ditas, como entendidas de arte e desfile de escola de samba. Nos lembra de novo, o triste incêndio do homenageado pela Imperatriz. O fato de os jurados não se emocionarem e reconhecerem no desfile da Imperatriz um resgate importante da nossa memória e identidade cultural, o deixando em apenas em oitavo lugar e relegando-o ao esquecimento simbólico, nos mostra que um dos causadores do incêndio do Museu Nacional é justamente esse desleixo que boa parte das nossas elites dirigentes e pensantes tem em relação a quem nós somos como brasileiros. Nossa memória. É aquilo que o intelectual Jessé Souza diz ser a tolice da inteligência brasileira. Quando governos dizem que museu é custo. É fato que estamos vivendo uma barbárie mental. 

O incêndio do museu Nacional não foi uma tragédia como dizem os hipócritas de plantão. Mas um projeto de parte de uma elite ignorante que vive num presente contínuo e acha que passado não tem valor, pois é perca de tempo e não dá lucro. Foram eles os algozes do saudoso Museu Nacional. 

Para encerrar, quero dizer que quando bater aquela saudade do nosso querido Museu Nacional vai lá e assista este belíssimo desfile da nossa Imperatriz. São nossas queridas escolas de samba, instituições carnavalescas que completaram 90 anos de existência cumprindo sua função histórica principal. Ser guardiã da nossa memória e cultura.
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PROFESSOR MARIANO

Historiador e pesquisador do carnaval, um dos fundadores do projeto Cadência da Bateria. 

Em suas colunas aborda o carnaval considerando os aspectos políticos e sociais e a importância dos desfiles para a construção da memória da cultura popular.  
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