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quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Unidos do Barro Vermelho divulga enredo para o Carnaval 2019

quinta-feira, 11 de outubro de 2019
A Unidos do Barro Vermelho, escola de São Gonçalo, que integra o 3º Grupo dos desfiles de Niterói, divulgou nesta semana seu enredo para o próximo carnaval. De autoria do carnavalesco João Perigo, o enredo "O ouro negro nas verdes terras brasileiras", vai abordar na avenida a história do café, mais precisamente o "Vale do Café": união de 15 municípios no Vale do Rio Paraíba, no interior do Estado do Rio de Janeiro. Na justificativa do enredo consta que no "seu auge em meados do século XIX, portanto em um período ainda escravagista, o Vale viu muitos negros cativos trabalharem no cultivo do "Ouro Negro". Eles irão contar essa história...."

Samba enredo - A escola também divulgou a letra do samba oficial para o Carnaval 19. A obra é de autoria de João Perigo, Douglinhas Campos, Barulho, Rosali Ahumada Carvalho, Gilmar L Silva, Daniel X, Ferreti e Renan Diniz. O intérprete oficial será Tinga, e os intérpretes da gravação serão Marquinho Art'Samba, Lico Monteiro e Digão

Confira a letra do samba:

Mareia ô, mareia
Balança o tumbeiro no mar no mar
Oh luar, clareia! Me faz sonhar
Serenava agonia sobre a plantação
Meu pecado era fome, castigo o porão
De pés descalços caminhei
O Ouro negro vi brotar
Pinga o suor nessa terra
Cada lagrima sincera derramei por este lugar!

Oooooo do Vale ecoava meu tambor
Assim resisti a dor na força dos orixás
Ooooo trabaia trabaia nego
Lamento de desapego no meio dos cafezais

Reluz o sonho dourado dos nobres barões
O luxo da fidalguia enfeita os salões
Poemas, canções ao luar
Herança dos meus ancestrais
Tem maculelê, capoeira, calango e jongo
Tem muita canjira na gira do meu quilombo
Reza pra benzer, ô crioula quilombola
Entra nessa roda menina, Clementina
Óh, nossa senhora venha nos valer
Cirandei com fé pra me proteger
Tempos de progresso
Tempo de mudança
Império do café, o Vale da esperança!

SINOPSE - O ouro negro nas verdes terras brasileiras

Era uma noite quente. O cheiro forte tomava todo o porão do navio que nos levava ao desconhecido. Em meus pés um grossa corrente me atava a um tronco central, no qual meus irmãos também estavam amarrados.
No início eu tentei reagir, tentei fugir. Depois de semanas de viagem eu e todos ali desistimos. Não tínhamos forças para resistir... Mantinha-me focado em sobreviver.
O negreiro balançava sobre as ondas do oceano, a escuridão apenas não era completa por conta de uma pequena fresta, pela qual podíamos ver a Lua... Que nos levava em um sonho de liberdade, tão reconfortante que quase me fazia dormir no meio de tantos ratos, baratas e corpos inertes daqueles que não resistiram à viagem.
Aportávamos enfim. Descalços, maltrapilhos e magros fomos levados por noites seguidas em uma marcha sem fim até um grandioso vale. Era noite. As vastas plantações, irrigadas de agonia pareciam florescer como nunca vira antes. Essa terra era mesmo boa.
Na manhã seguinte nos apresentaram o Ouro Negro, o café. Uma planta de cheiro curioso, que nunca havia encontrado na África.
Foi ali naqueles campos que vi minha vida passar. Meu suor e minhas lágrimas trataram de umedecer o solo.
As noites a esperança se renovava pelo toque dos tambores que ecoavam de cada senzala no entorno do Vale. Era a única forma de resistir à dor: Com a força dos Orixás!
A riqueza que produzíamos transformava o Negro Ouro em brilho e ostentação para os grandes barões, os suntuosos bailes, serestas e recitais animavam a vida dos endinheirados.
Foi numa dessas grandes festas que eu e meus irmãos enfim conseguimos nos libertar. Fugimos na calada da noite, enquanto todos se embriagavam e se divertiam na cidade.
Nossa raiz não poderia ser esquecida, o maculelê, a capoeira, o jongo e o calango se abrasileiravam... Ou será que se africanizavam.... Disso eu não sei. Só sei que era um conforto podermos jogar e dançar para aquecer as noites frias, livres do cativeiro, aproveitando a liberdade nos quilombos.
É no Samba de Clementina, nossa mais nobre descendente, na fé em Nossa Senhora, que trouxemos o progresso e a mudança para o Vale da Esperança. Em tempos de um Império Escravocrata, conseguimos fazer nosso sangue valer e deixamos nossa marca na construção do Vale do Café!

Autor: João Perigo

FICHA TÉCNICA para o Carnaval 2019

Presidente: Edílson Alves Demétrio
Vice Presidente: Ellen
Carnavalesco e Diretor de Carnaval: João Perigo
Diretor de Harmonia: Igão Barulho
Intéprete: Tinga
Compositores: João Perigo, Douglinhas Campos, Barulho, Rosali Ahumada Carvalho, Gilmar L Silva, Daniel X, Ferreti e Renan Diniz

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