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sábado, 11 de janeiro de 2020

Silvio Cunha: um veterano carnavalesco no carnaval da Intendente

sábado, 11 de janeiro de 2020
O experiente Silvio Cunha foi anunciado nesta semana como carnavalesco da Unidos da Vila Kennedy, em matéria publicada aqui na Cadência. Há quatro décadas no carnaval, Silvio tem uma carreira vitoriosa, de grandes títulos, muitos deles conquistados em escolas de samba de grupos intermediários, como lembra nosso colunista Professor Mariano no texto a seguir.

Silvio Cunha: um veterano carnavalesco no carnaval da Intendente
por Professor Mariano

A Unidos da Vila Kennedy tem como carnavalesco, na disputa do grupo de acesso do Carnaval 2020 da Intendente Magalhães, o veterano Silvio Cunha, como mostrou a nossa reportagem do dia 9. Essa escolha da Kennedy nos parece muito sensata, pois, além ser um carnavalesco bastante virtuoso, Silvio Cunha, ao longo da sua história como artista do carnaval, notabilizou-se como um vencedor de títulos nos grupos intermediários. 

Em 1979, comandando o carnaval da nossa querida Vila Isabel, Silvio Cunha levou a Azul e Branco para desfilar entre as grandes escolas do Rio, conquistando o grupo de acesso 1B com o enredo “Os Dourados Anos de Carlos Machado” – Carnaval este, assinado em parceria com o artista Fernando Costa. 

Em 1985, já na Unidos da Tijuca, Cunha escreve uma ode nostálgica do Rio Antigo dos anos 40 e 50, um contraste com o Rio moderno. Marcou, nesse carnaval de Cunha, uma impactante alegoria que trazia mãos carregando uma pistola. Silvio Cunha já trazia para a pista do desfile o dilema do Rio como cidade partida – tema que mais tarde seria imortalizado no consagrado livro do jornalista Zuenir Ventura. A cidade partida de Cunha se dá no campo da memória. O tempo presente do Rio de 1985 é um pedaço que resulta no medo e na violência, um contraste com o passado bucólico do Rio Antigo. O que se parte na concepção de Cunha não era a cidade, como na narrativa de Ventura, mas sim, seu tempo. Seu passado foi engolido pela fúria devastadora do presente moderno. Com esse singular desfile, a Tijuca ganhou o direito de ascender de grupo.

Ainda na Unidos da Tijuca, no Carnaval de 1987, Cunha escreve o enredo “As três faces da moeda”. Nele, o carnavalesco descreve a luta inglória do povo pobre para sobreviver a uma economia planejada nos palácios do poder por políticos, empresários e banqueiros. O alvo era o famigerado Plano Cruzado do governo Sarney, que já começava a ruir e a receber crítica do povo e da opinião pública. Com esse desfile provocativo e jocoso, cunha dava o título do grupo de acesso à escola do Borel. 

Ainda recordando seus feitos no grupo de acesso, estamos agora no ano de 2000 e Silvio Cunha está pelas bandas da Serrinha, no Império Serrano. No enredo “Os canhões de Guararapes”, Cunha contou a saga da batalha dos Guararapes, que expulsou os holandeses de Pernambuco no século 17. Mesmo o Império vindo de uma grave crise financeira, que o fez mais uma vez amargar um rebaixamento, Cunha mostrou seu talento e, com um conjunto de fantasias e alegorias bem resolvidas do ponto de vista estético, conseguiu levar a escola de volta ao grupo especial, conquistando o grupo de acesso. 

Além de todo esse know how de conquistas no acesso, o que o credencia a assumir o desafio do carnaval da Intendente, Cunha também já brilhou no grupo especial, especificamente na tradicional Portela, onde fez três carnavais em sequência: 1989, 1990 e 1991. 

Vamos torcer para que neste ano de 2020, na Vila Kennedy, Silvio Cunha mostre todo seu talento e experiência, e brinde o povo da Intendente Magalhães com um grande desfile. O homenageado é a figura emblemática e controversa, o saudoso banqueiro do jogo do bicho, Castor de Andrade.

Professor Mariano.
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