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sábado, 3 de novembro de 2018

EDITORIAL: O triste toque do surdo.

sábado, 3 de novembro de 2018
Resultado das urnas do último domingo põe em cheque o futuro dos desfiles carnavalescos. A Cadência da Bateria vê com preocupação como o cenário político que está se configurando pode afetar a maior manifestação cultural popular brasileira.
O triste toque do surdo. Quando a política não dá mais samba!
As urnas apuradas no último domingo e que deram como resultado a eleição de Bolsonaro para presidente e Wilson Witzel para o governo do Rio, abrem um novo momento para o cenário político carioca e nacional. A bordo de um discurso altamente conservador que ganhou corações e mentes da população, atacando a corrupção, os erros das esquerdas e até mesmo as liberdades sexuais, os dois políticos que se apresentam como não convencionais e ficha limpa a dupla promete dedicar-se a corresponder as expectativas do brasileiro e do carioca médio no que aparenta ser o seu maior anseio na atualidade: a questão da segurança. 

 O problema é que a política que defendem e com as quais se mostram comprometidos colocam em cheque as liberdades individuais, as necessárias políticas sociais de um país com maioria pobre e desempregada ou subempregada e até mesmo a própria democracia. Isto porque são postulantes de uma linha ação autoritária, que afirma não se eximir de usar a força bruta para impor suas convicções sobre os descontentes, aliadas a um messianismo alienante e alienador fortemente comprometido com suspeitíssimas lideranças religiosas de correntes do cristianismo neopentecostal que se apoiam num discurso moralista e reacionário mantendo cativas as mentes fascinadas de milhares de fiéis.
Essa aliança entre saudosistas do regime civil militar (1964-1985) e de uma distorcida fé cristã e que contará ainda em nível parlamentar com o que existe de mais tradicional e ultrapassado na política brasileira que são as oligarquias formadas por grandes proprietários de terras em sua maioria improdutivas ou subutilizadas formando o bloco político que chamaremos de BBB (Bala, Bíblia e Boi). A simples presença desse carcomido terceiro elemento, tira qualquer seriedade do bloco ao apresentar-se como incorruptível, mesmo cientes de que a turma do Boi é oportunista aponto de estar sempre se amoldando ao discurso do poder. Não importa muito quem o esteja exercendo.
O obscurantismo e a incerteza a respeito dos novos velhos tempos, que se abrem, ou se fecham, com a posse dos novos governantes coloca, ou deveria colocar, o mundo do samba de orelha em pé. Todo esse quadro de retrocesso político e breguice cultural vai, sem dúvida, repercutir no nosso mundo do samba, pois esses setores liderados pelas igrejas pentecostais devem travar uma cruzada contra a cultura popular, principalmente aquelas de matriz africanas. Por isso,  nós sambistas precisamos dizer para essa turma das urnas que não abrimos mão das nossas conquistas culturais e queremos ter a nossa liberdade reconhecida como a cultura que identifica nosso povo. 

Nós da Cadencia da Bateria, queremos alertar os bambas dos riscos que corremos. Do carnaval ser relegado a uma posição cada vez mais secundária. Diminuição de verbas públicas, menos espaço nas mídias e meios de comunicação, censura, imposição cerceamento de temas, desocupação de espaços tradicionais de sambistas e escolas. Já podemos imaginar a Praça Onze de Junho virando 25 de Dezembro, e tomada por igrejeiros, o Terreirão da benção o Rezódromo e a Praça da Apoteose da Ressurreição de Cristo todos administradas por Macedo e seus asseclas realizando grandes concentrações em plena data momesca. E se isso ocorrer, caberá a nós, verdadeiros amantes do samba e do carnaval, inspirados e abençoados por nossos ancestrais que tanto lutaram em defesa de nossa cultura, mais uma vez nos tornarmos em resistência.
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